Confrontos no Líbano deixam quatro soldados mortos

 Confrontos entre combatentes sunitas e xiitas próximos ao campo de refugiados palestino Ein el-Helweh, no sul do Líbano, deixaram ao menos quatro soldados mortos e outras sete pessoas feridas nesta sexta-feira (01), segundo oficiais da segurança. No último domingo (27) houve confrontos entre seguidores do líder salafista Ahmad al-Assir e membros do Hezbollah, xiita.

Protestos Beirute janeiro 2013 - Reuters

No domingo (27), o motivo dos confrontos foi declarado como a falha da retirada de pôsteres religiosos da Ashura (importante feriado islâmico observado pelos xiitas, e não pelos sunitas) da cidade portuária de Sidon. Os oficiais, que falaram em condição de anonimato, disseram que o guarda-costas de Al-Assir foi morto dos confrontos do domingo, e que os feridos incluíam um comandante do Hezbollah.

Assir tinha dado um ultimato aos apoiadores do partido, para que removessem os pôsteres que promoviam o grupo xiita, com fotos de Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah e forte aliado do presidente sírio Bashar Al-Assad, e os embates se iniciaram.

A correspondente da Al-Jazeera em Beirute, Rula Amin, disse que o “prazo” era esta sexta-feira (01) para a remoção dos cartazes. O “Hezbollah recolheu a maioria dos pôsteres e não estava interessado em confrontos”, ela disse; “tiros foram disparados mas é difícil dizer quem começou”.

Ela disse que o Exército libanês já tinha enviado forças à cidade majoritariamente sunita, que teria pouca presença do Hezbollah, mas que é considerada o portão de entrada para o sul do Líbano, região em que o grupo predomina.

Primeiro-ministro Mikati pede calma

Desconhecido antes do início do levanter na vizinha Síria, Assir ganhou destaque por sua declarada oposição do governo do presidente sírio Bashar Al-Assad e por suas reivindicações de desarmamento do Hezbollah, a força militar mais importante no país.

Em resposta às mortes de domingo (27), Najib Mikati, o primeiro-ministro libanês, convocou uma reunião de emergência com Marwan Charbel, ministro do Interior, e o conselho regional de segurança do sul do Líbano. Em seguida, Mikati disse que pediu ao Exército e às agências de segurança para tomarem medidas imediatas para colocar a situação sob controle e prender aqueles por trás da violência.

“Chamamos todos à calma e pedimos que se contenham nesta conjuntura crítica e delicada”, disse Mikati. A coalizão de oposição no Líbano acusou o primeiro-ministro, uma figura sunita proeminente, de complacência ao liderar um governo controlado pelo Hezbollah. A revolta síria aprofundou divisões políticas e religiosas no Líbano, que é dividido entre apoiadores e opositores ao regime de Damasco, controlado pelos alauítas.

O Líbano e a Síria partilham tensões sectárias semelhantes. A maioria dos sunitas libaneses apoiaram os rebeldes sírios, majoritariamente sunitas, enquanto os xiitas tendem a apoiar Assad. Essas tensões têm se intensificado no Líbano tanto com relação à guerra civil na Síria quanto pelo assassinato de um oficial libanês anti-Síria da inteligência, o general Wissam Al-Hassan, em outubro passado.

Hassan, sunita, morreu em um atentado a bomba em Beirute, a capital libanesa; confrontos subsequentes ocasionaram a morte de ao menos 13 pessoas.
No começo de 2012, al-Assir e seus apoiadores instalaram tendas bloqueando a principal estrada em Sidon por 35 dias, como parte de um protesto contra o fato de que o Hezbollah posui um grande arsenal de armas.

Com Al-Jazeera