Orlando Silva é eleito presidente do PCdoB paulista

Ele substitui Nádia Campeão, que atualmente exerce a função de vice-prefeita da Capital –  tendo exercido a presidência do Partido no estado desde 2004. "É o maior desafio político da minha vida", afirmou o novo dirigente estadual.

Em entrevista ao Vermelho São Paulo, ele falou sobre os desafios da presidência, enumerou ações imediatas e lembrou que é preciso estar sintonizado com o novo momento político que vive o estado de São Paulo. "Queremos que São Paulo esteja alinhada com o projeto de desenvolvimento do Brasil".

Leia abaixo a entrevista com o novo presidente do PCdoB paulista:

Vermelho: Quais as primeiras ações do novo presidente do Comitê Estadual?
Orlando Silva: Nós temos que, de um lado, preparar o Partido pra enfrentar a disputa eleitoral de 2014 desde já porque o PCdoB teve um bom desempenho em 2012. Mas nós percebemos que na medida em que possamos antecipar a preparação do Partido para as disputas eleitorais nós alcançamos melhores resultados.
Em segundo lugar, pretendemos fazer uma avaliação de cada frente de atividade do Partido nos movimentos sociais. Nós temos em São Paulo uma ação diversificada no movimento comunitário, de juventude, combate ao racismo, movimento cultural e de mulheres. Queremos fazer uma avaliação em cada frente para examinar medidas que possam fortalecer o Partido em cada uma dessas frentes. 
O terceiro objetivo é fazermos São Paulo ter um grande destaque no 13º Congresso do PCdoB, que acontece no final do ano. Queremos fazer um debate no estado inteiro, envolvendo não só o Partido, mas um debate público sobre as teses que o PCdoB apresenta para o Brasil. E é muito importante que São Paulo, pela importância econômica, social e cultural, tenha uma participação intensa.

Quando as ações começam a ser concretizadas?
Nós já começamos. Hoje eu tive a oportunidade de fazer um debate com o deputado Alcides Amazonas. Devo ainda nesta semana conversar com a nossa deputada Leci Brandão. Vamos, até o mês de março, quando comemoramos os 91 anos do Partido, ter a oportunidade de nos reunir com os principais comitês municipais. Não há um plano exatamente definido, mas estamos construindo isso junto com os comitês municipais.

O Partido cresceu no estado no último período, revelou lideranças e teve ótimo desempenho nas eleições. O que fazer para potencializar essas conquistas?
Sintonizar com o novo momento político que vive o estado de São Paulo. O balanço das eleições de 2012 foi muito importante para nós porque cresceu a votação do Partido, tivemos mais votos do que em 2008, dobramos a bancada de vereadores, elegemos prefeitos, com destaque pra cidade de Jundiaí e a vice-prefeitura da Capital com a Nádia Campeão. Portanto, tivemos um saldo positivo em 2012 e queremos continuar nessa pegada. Queremos continuar avançando. Agora o desafio nosso é encontrar um ponto de equilíbrio, de fortalecer a nossa presença no parlamento, nos governos, sem perder de vista o enraizamento do partido na luta dos trabalhadores, das trabalhadoras. O enraizamento do partido nos movimentos sociais. Essa é uma equação que me interessa.

As mudanças que aconteceram no Brasil na última década não se refletiram em São Paulo, como mudar isso?
Nós temos que estar sintonizados com o momento do Brasil. As conquistas de 2012 têm a ver também com o sucesso das gestões do presidente Lula e também da presidenta Dilma. Nós queremos, inclusive, que São Paulo esteja alinhado com esse projeto de desenvolvimento do Brasil representado por Lula e Dilma e que São Paulo às vezes se distancia por questões políticas. Queremos, inclusive, em 2014 conquistar o governo com uma aliança ampla com vários setores pra que São Paulo possa colaborar mais com o desenvolvimento do Brasil.

A presença de Nádia Campeão, uma referência política do PCdoB, na vice-prefeitura de São Paulo, foi uma grande conquista do partido no Estado.
A Nádia vice-prefeita é uma grande conquista da cidade de São Paulo porque terá uma vice-prefeita absolutamente dedicada para mudar a cidade em todos os seus aspectos, mas é também uma conquista dos comunistas. Eu nunca vou esquecer quando ela foi anunciada empossada vice-prefeita eu me emocionei muito. Imagino que comunistas do Brasil inteiro devem ter se emocionado. Porque naquela hora é como se passasse um filme dos 90 anos de história do nosso Partido na nossa cabeça. E você lembra de tantos companheiros que lutaram tanto para que chegássemos onde chegamos. Alguns deram a própria vida. Ver a Nádia como vice-prefeita é uma espécie de conquista inimaginável. Imagine há 30, 40 anos pensar que a vice-prefeita de São Paulo seria uma comunista. É uma grande conquista para a cidade porque vai ter uma guerreira lutando para melhorar São Paulo para todos mas também é uma conquista do nosso partido que ofereceu um dos seus melhores quadros para ajudar o Fernando Haddad e a cidade de São Paulo.

O desempenho do PCdoB do estado de São Paulo é acompanhado pelos outros estados do Brasil. Podemos dizer que é uma referência para dirigentes e militância do partido em todo o país?
Sempre é, né. Porque São Paulo é um polo muito dinâmico da economia e da sociedade brasileira. Aliás, São Paulo é a síntese do Brasil. São Paulo tem povos do mundo inteiro mas também tem povos do Brasil inteiro que trazem pra o estado suas tradições, seu modo de ver o mundo e viver o mundo. Creio que é muito importante o Partido ter um destaque aqui e sinto isso no Brasil inteiro. E olha que eu já viajei o Brasil inteiro quando fui do movimento sindical, quando era do movimento de juventude e mesmo sendo do governo eu viajava muito pelo Brasil e sentia que pelo país inteiro há um interesse quanto ao crescimento do Partido aqui em São Paulo. Todo mundo se vê um pouco em São Paulo. Todo mundo tem um parente, um amigo, alguém que mora na cidade de São Paulo ou no Estado. E essa característica de síntese do Brasil que São Paulo tem acaba atraindo muito interesse e isso torna o nosso desafio maior.

Qual o principal desafio da sua gestão?
Nós temos que construir um Partido à altura de São Paulo esse é um desafio enorme. É um desafio grande. Por isso que no dia da reunião, que decidiu que eu ia assumir o mandato,  comecei dizendo que assumo a presidência do PCdoB do estado de São Paulo que é o maior desafio político da minha vida.

Leia mais
Walter Sorrentino: PCdoB-SP – ponto luminoso na trajetória

De São Paulo,
Railídia Carvalho