Nova permissão de entrada para palestinos causa dúvidas em Israel

Na última segunda-feira (04), um residente palestino da Cisjordânia recebeu uma permissão de entrada quando atravessou a Ponte Allenby desde a Jordânia. As letras azuis informam que ele foi permitido entrar pela patrulha fronteiriça do Estado de Israel, como se o território em que entrava (Palestina), fosse israelense.

O viajante foi descrito no documento como “portador de identificação palestina”, mas abaixo, quando a nacionalidade é preenchida, lê-se “israelense” (ISR). Importante notar, aliás, que ele não é um cidadão israelense.

Com algumas raras exceções, os cidadãos israelenses não são autorizados a usar a Ponte Allenby; são obrigados a usar a Ponte Sheikh Hussein, no norte de Israel, quando atravessam entre este país e a Jordânia, para que não atravessem a Cisjordânia.

Talvez a guarda fronteiriça tenha errado quando digitou ISR. Mas se foi o caso, é um erro bastante representativo. Enquanto mais e mais pessoas falam de Israel e da Cisjordânia tornando-se de facto um único Estado, com liberdades para alguns e direitos desiguais para todos, o Estado de Israel, de repente, sem qualquer anúncio, mudou seu procedimento para os palestinos que atravessam a Ponte Allenby.

Até 4 de fevereiro, os palestinos que entrassem na Cisjordânia pela Jordânia usavam uma permissão emitida pelo Exército Israelense. As Forças de Defesa de Israel (FDI) também emitem permissões a palestinos que desejem atravessar um dos postos de controle na barreira de separação.

Agora, a Ponte Allebny tornou-se um ponto de entrada que o Estado de Israel parece considerar seu território, e os residentes, como o homem que recebeu o documento, são taxados de “israelenses”, embora não tenham qualquer dos direitos dos cidadãos israelenses. Não pode sequer visitar a sua família em Jerusalém Oriental, pois as FDI não lhe concedem permissão.

O procedimento aparentemente mudou da noite para o dia, sem anúncio. A pessoa que recebeu o documento atravessa a ponte frequentemente, mas recebeu pela primeira vez, na segunda-feira (04), o novo padrão de permissão. Um primo seu, que cruzara a ponte no dia anterior, disse que não tinha recebido este documento, nem tinha visto seus companheiros viajantes recebê-lo.

Mais algumas coisas a notar: todos os nascimentos e mortes palestinos são registrados no registro populacional do Estado de Israel. O cartão de identificação da Autoridade Palestina e os passaportes são emitidos pelo Ministério de Interior de Israel, assim como os documentos de identificação israelenses.

Talvez o ministério tenha notificado a Autoridade Palestina da mudança nas permissões para travessia, mas isso não chegou ao público. De acordo com o oficial na fronteira, o doumento dado ao viajante estava em coordenação com a AP.

A informação ainda não foi confirmada, mas a questão da documentação e da nacionalidade palestina é ainda tema de controvérsia. Muitos palestinos concordaram em receber cidadania israelense quando isso foi proposto pelos Acordos de Oslo, em meados da década de 1990.

Porém, outros não têm qualquer nacionalidade reconhecida, principalmente se nascidos fora de Jerusalém; assim, a criatividade em acrobacias surpreende, na tentativa de contornar mais essa violação de direitos humanos, como a negação de uma nacionalidade para os palestinos.

Da redação do Vermelho,
Com +972mag