TRT de Goiás vai julgar juiz suspeito de ligação com Cachoeira

O Tribunal Regional do Trabalho de Goiás (18ª Região) realizará no próximo dia 26 o julgamento do processo disciplinar para apurar as suspeitas de envolvimento do juiz Júlio César Cardoso de Brito com membros de organização ligada ao empresário Carlinhos Cachoeira. A sessão será pública, conforme os termos da Resolução nº 135 do Conselho Nacional de Justiça.

Por unanimidade, os desembargadores do tribunal decidiram em julho do ano passado abrir processo disciplinar para investigar denúncias apresentadas pelo Ministério Público do Trabalho e pelo Sindicato dos Servidores Federais em Goiás.

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As suspeitas de envolvimento de Brito com Cachoeira foram investigadas inicialmente por uma comissão de sindicância, instaurada em maio do ano passado, após reportagens publicadas pelos jornais “O Popular“, de Goiás, e “Correio Braziliense“, de Brasília, por ocasião da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal.

Em julho de 2012, o Tribunal afastou o magistrado. Na véspera, Brito pedira licença de suas funções de vice-presidente e corregedor. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal e documentos encaminhados ao TRT pela 11ª Vara Federal Criminal de Goiás sugerem que Brito fazia tráfico de influência e orientava advogados do grupo de Cachoeira a lidar com ações no tribunal.

Brito é suspeito de receber presentes ou promessas de benefícios, como ingressos para eventos artísticos, pacotes turísticos e um carro de luxo (Citroen C4 Pallas), que teria sido parcialmente pago com recursos da organização criminosa.

Troca de favores

O processo inclui 77 ligações interceptadas pela polícia, em que o magistrado conversa com um dos braços direitos de Cachoeira, Gleyb Ferreira da Cruz, a quem Brito trata como “irmão”.

Nas conversas, o juiz discute situação de empresas com ações trabalhistas no TRT de Goiás, entre elas o laboratório Vitapan, controlado pelo grupo de Cachoeira, a distribuidora de medicamentos JC, de um irmão do empresário, e a Ideal Segurança.

Há suspeitas de que uma viagem do magistrado a Buenos Aires foi patrocinada por Gleyb. Numa das conversas gravadas, um operador de Cachoeira discute com Brito a encomenda de um computador que o empresário traria para ele de Miami (EUA).

Fonte: Folha de São Paulo