Palestinos detidos e em greve de fome "preocupam" a ONU 

Navi Pillay, a alta comissária da ONU para os direitos humanos, expressou nesta quinta-feira (13) sua preocupação com o bem estar de prisioneiros palestinos em instituições carcerárias israelenses. 

Palestino feito prisioneiro por "detenção administrativa" - Al-Jazeera

Navi mencionou o caso de Samer Issawi, que tem estado em greve de fome por mais de 200 dias; há declarações de que Issawi está à beira da morte. A comissária pediu a liberação imediata ou a retirada de acusações contra os prisioneiros mantidos sobre “detenção administrativa” (uma medida permitida por lei em Israel, mas que viola os direitos humanos e o direito internacional humanitário, chamado “direito da guerra”).

Dois outros palestinos, Tarek Qaadan e Jafar Azzidine, estão em greve de fome há 78 dias, em protesto contra a política israelense de detenção administrativa, segundo a qual os suspeitos podem ser detidos sem julgamento, sob ordem de uma corte militar, que pode ser renovada indefinidamente por períodos de seis meses. Os três protestantes estão à beira da morte.

Navi disse: “as pessoas detidas têm de ser acusadas formalmente e enfrentar julgamentos com garantias jurídicas, de acordo com os padrões internacionais, ou ser imediatamente liberadas.”

Richard Falk, relator especial da ONU para os direitos humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, foi além e pediu que os três homens sejam liberados imediatamente, classificando as condições em que estão detidos de “desumanas”.

Uma declaração da ONU afirmou que o coordenador humanitário James W. Rawley encontrou-se com o ministro de assuntos de detenção palestino Issa Qarage, na Cisjordânia. “Eles discutiram a situação dos quatro palestinos feitos prisioneiros atualmente em greve de fome e, em particular, da condição crítica de saúde de um prisioneiro, Samer Issawi.”

Issawi havia sido liberado em outubro de 2011, junto com outros 1.000 palestinos, numa troca feita pelo governo israelense, para recuperar o soldado Gilad Shalit, capturado na Faixa de Gaza. Entretanto, Issawi foi preso de novo em julho de 2012, sob circunstâncias questionadas, pelo exército israelense, perto de Jerusalem. Issawi começou sua greve de fome em seguida.
Ele quer ser formalmente acusado do que for suspeito, e receber um julgamento justo ou ser liberado; até lá, diz que continuará sua greve de fome.

Fora de controle

O grupo de apoio aos prisioneiros palestinos Addameer disse que seis pessoas atualmente detidas por Israel estão em greve de fome. Os que foram mais longe são Issawi e Ayman Sharawneh, que tem aguentado por meses, e que reivindica sua liberação sem julgamento.
O presidente palestino Mahmoud Abbas pediu, ainda na quinta-feira (14), que a comunidade internacional interviesse urgentemente em apoio dos palestinos feitos prisioneiros, em greve de fome. “A situação pode sair do controle se as vidas desses protestantes não forem salvas,” disse Abbas em televisão palestina.

“Pedimos que a comunidade internacional responda efetivamente para melhorar a situação, ou será impossível controlá-la; em todo o território palestino, ela vai piorar.” Abbas mencionou quatro prisioneiros que necessitam de atenção especial: Samer Issawi, Jafar Azzidine, Ayman Sharawneh e Tareq Qaadan. Estes prisioneiros estão em greve de fome em resposta à política de detenção administrativa e aos maus tratos das autoridades ocupantes”, ele disse, referindo-se a Israel.

Embora Abbas tenha dado declarações recentemente, há uma sensação generalizada de que mais poderia ser feito pelo assunto. No ano passado, entre 1.600 e 2.000 prisioneiros palestinos detidos por Israel fizeram parte de uma greve de fome coletiva finalizada por um acordo com os administradores prisionais em 14 de maio. Uma das suas exigências era a liberação de prisioneiros mantidos cativos pela “detenção administrativa”.

Fonte: Al-Jazeera