UFRN quer montar Centro de Imprensa Alternativo

 

Para contribuir com uma das áreas mais importantes na organização da Copa do Mundo de 2014, a Superintendência de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Comunica) está em processo de conclusão de um projeto para a montagem de um Centro de Imprensa Alternativo. Com direitos de imagem exclusivos a uma emissora de TV aberta e pouco mais de 7 mil jornalistas credenciados para a cobertura do evento inteiro (em todas as mídias), a proposta visa oferecer apoio logístico para profissionais sem credencial, mas que estarão em Natal para acompanhar o ‘Lado B’ dos jogos, como as confraternizações das torcidas, as Fan Fest e pautas culturais sobre a cidade.

Até dia 15 de março, a Comunica pretende concluir o projeto e procurar a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e o comitê organizador local para propor união na iniciativa – que já foi concretizada pela Associação dos Correspondentes Estrangeiros no Brasil, Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pelo Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Norte (Sindjorn). Dotada de um complexo de comunicação, a UFRN, além de ficar próxima a Arena das Fotos, conta com estúdios de rádio e televisão, e usará a Secretaria de Relações Internacionais, em conjunto com o Instituto Ágora, para formar uma equipe multilíngüe, com especialistas em inglês, espanhol, francês e alemão (outros idiomas, como japonês, devem entrar na lista).

Para o professor José Zilmar Alves da Costa, superintendente da Comunica, problemas como os observados na Rio+20, conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável, em que correspondentes internacionais sofreram para conseguir ligar equipamentos eletrônicos, diante do modo trifásico único utilizado em território brasileiro, ganharão atenção especial. “Dentro do possível, vamos oferecer uma estrutura mínima para esses profissionais que ficam de fora do credenciamento. A UFRN tem uma boa estrutura, que pode ajudar na produção de conteúdo e apoio técnico operacional. Podemos atender, pelo menos, uns 100 jornalistas, sendo 30, 40 ao mesmo tempo”.

A ação voluntária partiu da própria superintendência de comunicação. Preocupada com um dos gargalos de evento do porte de uma Copa do Mundo, o departamento pretende contatar jornalistas que precisem editar imagens (será montada uma nova sala de direção da TVU com equipamentos de última geração), áudio, fotografias, usar internet ou mesmo os computadores da instituição – a Superintendência de Informática (Sinfo) também faz parte da empreitada. “Não queremos cobrar nada, nem obter lucros. Nosso intuito é apenas ajudar na comunicação da Copa do Mundo. Como somos parte de uma rede pública, podemos explorar aspectos que a rede privada não se interessa”, diz José Zilmar.

Experiente em duas Copas do Mundo, o jornalista e empresário Renato Bahia enaltece a ideia. Uma das sedes menos badaladas, junto com Cuiabá, Natal será ponto de passagem para torcedores e parte da imprensa que vier cobrir as oito seleções que comporão os quatro jogos previstos. A possibilidade de grandes deslocamentos pode atrapalhar no planejamento dos jornalistas, e ter colegas de profissão disponíveis para orientá-los será fundamental. “Acho extremamente válido [o Centro de Imprensa Alternativo], principalmente para o pessoal de televisão, que sofre uma grande restrição, por causa dos direitos de transmissão. Sem dúvidas, a credencial abre portas. Na Alemanha, por exemplo, bastava mostrá-la para usarmos o sistema de transporte público de graça. Sem credencial, fica muita gente boiando pela cidade”.

Se na África do Sul o transporte era uma das barreiras para correspondentes, na Alemanha bastava mostrar a credencial para ser isento de pagamento em metrôs, trens urbanos e intermunicipais e ônibus. Facilidades difíceis de serem reprisadas no Brasil. “Como o tempo de estadia dos jornalistas e dos torcedores em Natal será pequeno, toda a atenção que eles receberem será essencial. Quem sabe a UFRN consegue parceiros para conseguir até um ônibus, não sei, para transportar jornalistas pela cidade, pelos pontos turísticos?”, questiona Renato.

Fonte: Agecom/UFRN