CPI que investiga tráfico de pessoas chega a Salvador

Deputados federais da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o tráfico de pessoas chegam a Salvador nesta quinta-feira (21/02) para ouvir o casal Denílson Costa Pereira Reis e Elizânia dos Santos Evangelista Reis. Os dois foram presos em Salvador pela Operação Planeta da Polícia Federal, em 30 de janeiro, acusados de aliciar jovens baianas para trabalhar na Espanha.

A oitiva é uma das atividades para a agenda de dois dias que a CPI cumpre na Bahia. Denílson e Elizânia serão ouvidos pela comissão durante reunião reservada na tarde de quinta-feira. Além da oferta de emprego, as mulheres recebiam passagem aérea e dinheiro para despesas pessoais. O casal de aliciadores trabalhava para o espanhol Bermudez Motos, conhecido como cigano. Ele é dono de uma casa de prostituição em Salamanca, na Espanha.

Segundo a Polícia Federal, ao chegar ao território espanhol, as mulheres eram surpreendidas e submetidas à situação degradante de moradia e trabalho. Elas também eram informadas de que a dívida pelas despesas seria cinco vezes maior.

Caso Monte Santo

Na manhã desta quinta-feira, a CPI fará audiência pública na sede da Procuradoria Geral de Justiça da Bahia, onde será tomado o depoimento de Carmen Topschall, que é investigada no episódio das adoções irregulares registradas no município baiano de Monte Santo. Ela é acusada de intermediar a transferência de crianças para o Sudeste do país.

Na sexta-feira (22), membros da comissão parlamentar irão até Monte Santo, onde realizarão reunião aberta para debater o caso. Na cidade, a CPI ouvirá relato dos pais das cinco crianças que foram retiradas do seu lar por ordem do juiz Vítor Bizerra. As crianças, cuja guarda provisória foi dada a casais de São Paulo, já retornaram à família biológica.

Em sentença publicada na última segunda-feira (18), o juiz Luiz Roberto Cappio julgou improcedentes os pedidos de perda da guarda da lavradora baiana Silvânia da Silva e os pedidos de adoção. Além disso, o juiz determinou que as famílias paulistas paguem multa de R$ 3,6 mil por agir de má-fé, indenização por danos morais (cujo valor ainda será definido) e honorários de advogado dos pais biológicos (R$ 36 mil).

As audiências públicas terão ainda a presença de delegados federais, promotores de justiça, especialistas no estudo sobre tráfico de pessoas, conselheiros tutelares e representantes dos governos federal e estadual.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro
Com informações de Agências