Aldo Rebelo: "Campeões da obstinação"

 

Desde 1960, quando deficientes físicos fizeram uma competição paralela aos Jogos Olímpicos de Roma, o mundo se comove com os exemplos de obstinação. Pessoas que não ouvem ou não enxergam ou não andam ou sequer têm pernas tornam-se atletas valentes e comoventes, dando aos que desfrutam de toda capacidade física uma lição de vida. Se lhes falta um sentido ou parte do corpo, honram com inteireza o lema paraolímpico: “Espírito em Movimento”.

Os nossos atletas dão orgulho ao Brasil. Em Londres conquistaram oito medalhas de bronze, 14 de prata e 21 de ouro, brilhando em sétimo lugar entre 164 delegações. Para 2016, no Rio de Janeiro, a meta é ficar entre os cinco primeiros e com este objetivo o Ministério do Esporte acaba de firmar parceria com o Comitê Paraolímpico Brasileiro.

Serão investidos R$ 38,8 milhões na preparação de novos atletas e de seleções permanentes, além da compra de equipamento especializado e material esportivo, viagens para competições e intercâmbio e contratação de técnicos. Foram contempladas 16 das 22 modalidades das Paraolimpíadas: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, esgrima, futebol de cinco, futebol de sete, “goalball”, halterofilismo, judô, natação, rúgbi em cadeira de rodas, remo, vela, tiro esportivo e vôlei sentado.

O Brasil reúne vitória e atletas de destaques em diversas modalidades, como a natação, o basquete dos cadeirantes e o atletismo dos que usam próteses, mas no “País do Futebol”, o jogo da bola no pé para cegos também atingiu nível de excelência. Além de amedalhar mundiais e a Copa da América, somos tricampeões paraolímpicos – enquanto o futebol olímpico dos videntes não ganhou um só ouro. Praticado em quadra de futsal, mas agora com grama sintética, o segredo é a bola: dotada de guizos internos, é seguida pelo ouvido dos jogadores. Um belo exemplo dos nossos dias.

*Aldo Rebelo é Ministro do Esporte e deputado federal licenciado pelo PCdoB

Fonte: Diário de S. Paulo