Argentina volta a julgar ditadores pela Operação Condor
Os ditadores argentinos Jorge Rafael Videla e Reynaldo Benito Bignone voltarão ao banco dos réus nesta terça-feira (5) em Buenos Aires, acompanhados de outros 23 repressores, para responder especificamente pelo desaparecimento de 106 pessoas perseguidas pela Operação Condor dentro e fora do país. De acordo com o diário Página 12, a maioria das vítimas desse caso é uruguaia, mas também há argentinos, paraguaios, chilenos e um peruano. Três deles desapareceram no Brasil.
Publicado 04/03/2013 16:01
Os 25 acusados serão julgados por sua participação local no operativo, que, inaugurado extraoficialmente em 1975, em Santiago, no Chile, articulou os regime totalitários do Cone Sul numa máquina de inteligência, sequestro e assassinato de militantes de esquerda que se opunham às ditaduras na região. Cerca de 450 testemunhas serão ouvidas pela Justiça argentina durante a apuração de responsabilidades. O julgamento deve durar dois anos.
"A denúncia avançou devido ao conceito de 'crime continuado'", explicou ao diário argentino o promotor Miguel Angel Osorio, que conduz as acusações. "Quando uma pessoa foi sequestrada e não é possível saber o que aconteceu com ela, se morreu ou continua viva, é como se o crime continuasse ocorrendo. Daí não é possível indultar nem anistiar os responsáveis. O Estado tem obrigação de interromper o delito. Depois, pode até anistiar. Mas, antes, tem de julgá-lo."
Dos 25 repressores acusados, 23 estão sendo processados por associação ilícita e privação ilegal de liberdade. Não responderão por tortura ou assassinato, embora em muitos casos, diz o Página 12, esteja comprovado que as vítimas foram transladadas para outros países e mortas. "A Operação Condor eliminou as formalidades que costumam permear as relações internacionais para sequestrar pessoas", explica Pablo Ouviña, promotor que elaborou as acusações.
"Há argentinos e chilenos sequestrando e torturando juntos." Para Miguel Ángel Osorio, a nacionalidade de vítimas e repressores não importa tanto. "Importa se realmente atuaram executando esse plano de coordenação repressiva em nível continental ou mundial, porque também atuaram na Europa e nos Estados Unidos."
Fonte: Rede Brasil Atual