Os desafios do PCdoB frente às eleições de 2014 e o 13º Congresso

Durante a abertura da 10ª Reunião do Comitê Estadual do PCdoB no Rio Grande do Norte, o membro do Comitê Nacional do Partido, Divanilton Pereira, fez uma exposição da conjuntura nacional e internacional e falou dos desafios do PCdoB frente os objetivos para as eleições de 2014 e o 13º Congresso Nacional.

 O dirigente destacou os fatores que se interagem e influenciam o quadro político em 2013: a crise capitalista, a economia nacional, a manutenção da base de apoio da presidenta Dilma, a tendência de derrota da oposição em 2014 e as eleições marcadas para o próximo ano.

Crise capitalista

Para Divanilton, a crise em desenvolvimento há cinco anos, “continua a desmontar as soberanias nacionais, sobretudo na Europa, quando tecnocratas banqueiros assumem o comando político dos países a fim de implementarem suas reformas. O povo derrotou o da Itália – apesar das contradições”. Para ele, algumas situações como a da Itália e da Grécia se assemelham aos dados de 1930.

O dirigente aponta como resultado deste processo a “agressão laboral, que pode se constituir como o maior retrocesso civilizacional contemporâneo na Europa: demissões, direitos sociais e miséria. Um europeu numa longa fila para receber cesta básica”.

“Como em todas as crises, sobretudo quando não há possibilidade de uma alternativa mais avançada como no atual contexto, o capitalismo apresenta suas saídas, sobre as quais destaco: a constituição do bloco econômico europeu-estadunidense, como forma de tentar fretar e disputar com o avanço da economia chinesa; os acordos bilaterais e do Pacífico, envolvendo os Estados Unidos, México, Colômbia, Chile e Peru. Uma saída política do império tentando retomar sua influência no continente."

“Nesse capítulo, a trágica morte do líder Hugo Chávez exige de todos nós maiores esforços integracionistas – cultura política baixa brasileira, Lula que reaproximou-nos de nossos vizinhos. Não era apenas um governante, mas um elaborador e um realizador da estratégia socialista contemporânea. Um construtor de ideias.”

Na política, o recente processo eleitoral na Itália exemplifica como na política, o conservadorismo direitista continua no comando: o tecnocrata executor do ajuste liberal teve apenas 10% dos votos. O Tiririca de lá, Pepi grillo, com um discurso anti-política, mas contra as receitas ortodoxas foi a grande novidade eleitoral. O fascismo via Bellusconi por apenas 4% não ganhou as eleições.

“Assim reafirmamos que o mundo vive uma nova transição – lenta, mas progressiva – que como consequência cria um ambiente tenso, incerto e perigoso.”

A economia nacional

Divanilton destaca a transição para uma nova macro-econômica, ainda não consolidada, “buscando desmontar a bomba liberal de FHC formada pelo tripé juros altos, câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação”.

Para ele, o modelo econômico adotado pelo Brasil para proteger a economia nacional, com o fomento ao mercado interno, condições para o investimento privado, melhorias na competitividade e pela inovação tecnológica em busca do aumento de nossa produtividade, gera um impacto da crise no país maior do que os demais países emergentes.

“O mercado e oposição pressionam para retomar agenda anterior a partir dos juros altos. Se o Governo cede, emite um recado para o setor produtivo de que não é para valer o estímulo a produção, e com isso estimulam estes a voltarem a mamata financista. Esperamos que o Mantega suporte a pressão”.

A luta pela manutenção da base de apoio da presidenta Dilma

Divanilton aponta a complexidade da composição governamental que tem no comando do congresso os mandatários do PMDB Renan Calheiros e Henrique Alves. “Uma resultante da contradição do processo eleitoral brasileiro. Elegem-se presidentes, governadores e prefeitos avançados, no entanto, refém de casas legislativas conservadoras e fisiológicas. É uma tarefa cotidiana para suprir todas as demandas.”

Para o dirigente, a oposição com prognóstico de nova derrota continua dividida. “O projeto Aécio, mesmo com o do FHC, não tem o aval de Alckimim. Com essa perspectiva de derrota torna-se exasperada, sem discurso, conspirando permanente contra o bem do Brasil. Apostam nas dificuldades econômicas para retomarem discurso”.

O processo sucessório de 2014 foi deflagrado

“Não foi Lula que antecipou o processo sucessório, e sim a oposição, pois anunciaram que Lula seria candidato em 2014. Este teve que negar e afirmar Dilma como candidata para reafirmá-la ( dentro do próprio PT tem essa defesa) e não desestabilizá-la”, foi o que afirmou o dirigente ao falar sobre a posição do PCdoB.

“O PCdoB tem lado. São dez anos de um projeto que criou as condições para um novo salto. Não nos cabe contribuir para encerrá-lo, pelo contrário, nessa direção o PCdoB tem lado. Luta pelo avanço e a vitória do Governo Dilma. Essa é a nossa direção”

Para Divanilton, uma eventual candidatura de Eduardo Campos será considerada pelos comunistas como uma dissidência. “Quem irá apoiá-lo? Ele terá que movimentar-se à direita. Qual será o discurso? O PSB é um partícipe histórico”.

Sobre o 13º Congresso Nacional do PCdoB

Para Divanilton, o 13º Congresso Nacional do PCdoB “realizar-se-á com a auto-estima elevada do Partido, que vem de um projeto eleitoral em 2012 ousado e vitorioso . Unido politicamente e programaticamente”.

“O congresso não é para cumprir tabela. Não somos um partido só para as eleições. Temos instâncias e fóruns partidários que exercitam debates e democracia cotidianamente. Somos um Partido nacional. Qual outro”.

Ele aponta os principais aspectos da pauta que apresenta três grandes confluências: a crise e sua repercussão sobre a velocidade transição na geopolítica em curso; o desenvolvimento do ciclo político na América Latina; os 10 anos de um projeto popular e democrático no Brasil.

Dessa confluência, o temário do congresso devrá buscar, segundo Divanilton, responder via temário do congresso:

1. Balanço do período 2003-2013 e a perspectiva do Brasil:

– O nosso programa afirma que o caminho para alcançarmos o socialismo no Brasil é um projeto nacional, que tem como vértice um Governo democrático e popular. Encaramos esse projeto em curso no Brasil como essa possibilidade;

– A metodologia analisará e comparará a fase liberal de FHC até hoje, tendo como referenciais nossos últimos exames em congresso anteriores;

– Se há necessidade ou não para atualizarmos o rumo. Inclusive no programa;

– O partido caracteriza Dilma como um governo democrático, patriótico e popular. O congresso afirmará ou não essa caracterização¿ o faremos sem oba oba, ou com o absolutismo de sucesso do PT;

– Se o projeto Lula-Dilma é o caminho, quantos quilômetros percorremos rumo a nossa estratégia?

2. Examinara o Partido, sobretudo com a sua experiência inédita de participar sob um regime capitalista, em postos de comando importantes na esfera federal. Nas conduções estaduais e municipais pelo país.

3. A crise capitalista e as oportunidades que dela surgem:

– Uma nova arrancada com mais desenvolvimento e democracia, consolidar a nova macro-economia, a riqueza nacional, a democratização da mídia. Essa arrancada só liderada com uma convicção governamental através da mobilização nacional nucleada pela esquerda e seus movimentos sociais;

4. Um balanço sobre a realidade mundial, particularmente sobre a crise capitalista.

Ao final de sua intervenção, Divanilton lembrou que os temas e eixos do 13º Congresso Nacional ainda estão sendo discutidos e serão definidos pelo Comitê Central.