Capistrano: PCdoB, 91 anos: a mesma cara e os mesmos propósitos

O Partido Comunista do Brasil completa no próximo dia 25 de março (2013) 91 anos de sua fundação. É uma longa e fascinante trajetória de construção de uma agremiação política/partidária da classe trabalhadora no nosso país. Partido construído com muita determinação e com um objetivo muito claro, a construção de uma sociedade socialista, plural e verdadeiramente democrática.

programa PCdoB/CE rádio e tv
O PCdoB surge no Brasil em 25 de março de 1922, cinco anos depois da Revolução Soviética de 1917. Portanto, dentro de um contexto histórico que vai impulsionar a fundação dos Partidos Comunistas em todos os continentes, fato esse incentivado pela a vitoriosa Revolução de 1917, liderada por Vlademir Lênin, é o fim da Rússia czarista e o início do primeiro Estado Socialista. Era a classe operária que ganhava organicidade política, ponto fundamental para o enfrentamento na luta contra a exploração capitalista. A Revolução Bolchevique passa a ser parâmetro dessa luta.

O momento era aquele, as condições objetivas para o surgimento das agremiações partidárias marxista/leninistas estavam dadas. Era o ponto culminante de uma longa luta da classe trabalhadora na busca de sua organização partidária. As etapas vinham acontecendo, o Manifesto Comunista de 1848 passou a ser a referência maior na necessidade da organização política dos trabalhadores e a Revolução Soviética de 1917 a concretização da utopia possível.
Nas três primeiras décadas do século 20 surgiram, em praticamente todos os continentes, diversos Partidos Comunistas. Mas, é, basicamente, a partir da III Internacional (Moscou, 1919), que vai ser impulsionada a fundação de Partidos Comunistas em diversas partes do mundo, principalmente na América Latina.

Esses partidos têm como objetivo basilar, preparar a classe trabalhadora para luta revolucionária e a tomada do poder nos seus respectivos países, seria o início da derrocada do sistema capitalista e a implantação do socialismo mundo afora.

Diferentemente da Europa, os Partidos Comunistas das ex-colônias tinham como modelo a Revolução Russa de 1917. País no qual, pela primeira vez na história das sociedades, um partido da classe trabalhadora chega ao poder. Essa ideia precisava expandir-se. Aqui no Brasil, a origem de grande parte dos militantes comunistas, que compõe a primeira direção do PCdoB, vem do movimento anarquista/sindicalista, que evolui para o movimento comunista, fruto do contexto histórico internacional. A III Internacional passou a ser uma espécie de farol iluminando a direção a ser seguida.

O primeiro Estatuto do PCdoB tem como modelo o do Partido Comunista Argentino, ele foi publicado no Diário Oficial da União no dia 7 de abril de 1922. Mas, a data de criação ficou sendo mesmo 25 de março de 1922, início do primeiro Congresso do PCdoB realizado no Rio de Janeiro de 25 a 27 de março de 1922. Para nós, comunistas brasileiros, essa data será sempre lembrada como um fato histórico de grande importância para classe operária do nosso país, a partir dali os trabalhadores passou a ter uma organização partidária, um instrumento político que vai ser vanguarda na luta da classe operária brasileira, na defesa dos seus diretos, das riquezas nacionais e por um mundo justo e fraterno.

O PCdoB, após 1922, vai ser uma presença permanente e marcante em todas as lutas do povo brasileiro, na defesa das nossas riquezas, da nossa soberania, de uma sociedade justa e democrática e da autodeterminação dos povos.

Mas, não vai ser fácil para os comunistas brasileiros consolidar a existência do seu Partido, mantendo-o na legalidade, a truculência das forças reacionárias, de uma elite atrasada e antipovo, procurou sempre reprimir qualquer avanço dos comunistas, mesmo em movimentos como o da Aliança Libertadora Nacional (1935).

Durante o período que vai de 1922 até 1985, portanto, 63 anos, os comunistas brasileiros foram colocados na ilegalidade, muitos dos nossos militantes foram perseguidos, presos, torturados, muitos assassinados, pelas forças que dominaram os governos do nosso país durante esse período. Sem contar as campanhas caluniosas, mentirosas e falseadoras da verdade histórica desencadeada contra nós pela grande imprensa. Mídia controlada pelos interesses imperialistas e oligárquicos.

Logo no início do governo Artur Bernardes (1922/1926), em julho de 1922, o PCdoB é colocado na ilegalidade, a partir daí, o PCdoB vai ter pouco tempo de vida legal (1945/1947). Nas eleições de 1946 os comunistas elegem uma bancada expressiva para a Assembleia Constituinte, composta por 14 deputados federais e um senador, sendo colocada em 1947, através de um ato antidemocrático do STF, na ilegalidade.

Com o fim da ditadura militar em 1985 e o início da Nova República, o presidente José Sarney legaliza todos os partidos políticos. Hoje, o PCdoB tem dois senadores, uma boa bancada na Câmara Federal, um número razoável de deputados estaduais, de vereadores, vice-prefeitos e prefeitos espalhados por todo o país. Apesar de tudo, continuamos com a mesma cara e os mesmos propósitos. Temos orgulho da nossa história, das nossas lutas, dos nossos camaradas. Portanto, viva o Partido Comunista do Brasil nos seus 91 anos de existência.
 

Antonio Capistrano – ex-reitor da Uern e filiado ao PCdoB