Colóquio em Cuba retoma interpretação crítica da história 

Um colóquio em homenagem ao intelectual britânico Eric Hobsbawn (1917-2012) realizado nesta quinta-feira (21), em Havana (capital de Cuba), propõe a releitura crítica da história através de um marxismo honesto e livre de dogmas. 

O Instituto de Pesquisa Cultural Juan Marinello honra, assim, uma das principais figuras da historiografia social, autor de clássicos como As Revoluções Burguesas e Como mudar o Mundo.

O pesquisador cubano Fernando Martínez Heredia explicou à Prensa Latina que o exemplo de Hobsbawn é vigente e útil, pois demonstra que a tenacidade persistente pode vencer o sentido comum.

"Os que temos a preocupação com respeito às mensagens que recebem nossos jovens, entendemos a necessidade do marxismo para romper as divisões entre as elites e as massas", disse Heredia, que afirmou ainda que Hobsbawn ensinou que o mundo jamais mudaria se ninguém fizesse algo para mudá-lo. Sua obra foi uma escola para contar e entender os marginalizados pela história.

Rosario Alonso, coordenadora do encontro, disse esperar que o evento suscite um debate teórico que permita resgatar em Cuba o legado de Hobsbawn, cujo último livro publicado na ilha foi em 1968.

"Queremos estimular a leitura deste militante que, além disso, foi um intelectual do marxismo como ferramenta de uma história mais honesta e sem a rigidez do dogma", agregou.

Na jornada inaugural, o pesquisador Jorge Ibarra destacou os estudos sobre nação e nacionalismo de Hobsbawn, que rompeu com conceitos ambíguos para realizar estudos sem preconceitos.

Por exemplo, disse considerar ilegítimo apelar a um nacionalismo judeu para justificar o retorno à Terra Prometida, porque dito conceito (o do sionismo) foi inventado no final do século 19.

Auspiciado pela Cátedra Antonio Gramsci, este colóquio reúne intelectuais de vários países, entre eles Robin Blackburn, editor da revista New Left Review.

O evento pretende contribuir também com o manejo de referências interpretativas, a promoção do pensamento crítico e o trabalho com novas interrogantes nas ciências e no pensamento social.

Fonte: Prensa Latina