Metrô: Proposta de ACM Neto beneficia empresários de transporte

O impasse relacionado ao metrô de Salvador continua. Nesta quinta-feira (21/03), aconteceu uma audiência pública no Centro de Cultura da Câmara de Vereadores para discutir a situação, mas os secretários da Casa Civil do Estado, Rui Costa, e de Transporte e Urbanismo do Município, José Carlos Aleluia, decidiram manter suas propostas iniciais. Na sexta-feira, o governador Jaques Wagner e o prefeito ACM Neto voltam a discutir se vai haver ou não o repasse do sistema de transporte para o Estado.

Presentes na ocasião, os vereadores Everaldo Augusto e Aladilce Souza, ambos do PCdoB, esperam que a situação seja resolvida o mais rápido possível, pois a população está sendo prejudicada com todo o imbróglio. Aladilce disse que a sudiência foi bastante concorrida e tensa, mas não foi conclusiva. “Fiquei preocupada porque notei uma condição do secretário Aleluia em fazer uma propaganda negativa do metrô, desqualificando o metrô. É como se ele estivesse em uma posição de favorecer o sistema de transporte atual.”

A vereadora afirmou ainda que é necessário o entendimento entre governo do Estado e prefeitura para que o sistema metroviário entre em funcionamento, integrado com os diversos modais de transporte, mas que o metrô seja o eixo principal de transporte em Salvador. Para ela, o metrô vai ajudar a retirar automóveis das ruas, pois é um sistema que comporta muitos passageiros, além de ser mais rápido e mais eficiente.

Sobre o comportamento da administração municipal, a vereadora afirma que é a de proteger o empresariado. “A posição da prefeitura é uma posição que não contribui para o funcionamento do metrô. Pelo contrário, desqualifica. É como se estivesse protegendo esse sistema atual [ônibus] para continuarmos com o sistema ultrapassado, para proteger essa área, essa atividade econômica”, informa.

Como Ouvidora da Câmara Municipal, Aladilce Souza colocou o espaço da Ouvidoria para que sejam realizados outros debates sobre a questão, inclusive com a organização de uma conferência municipal de transportes. Segundo a vereadora, a mobilidade urbana é o maior problema da cidade e tem grande impacto em todas as outras áreas.

“A prefeitura tem uma oportunidade que é a disposição e o recurso do governo federal e do estado para fazer avançar essa política pública de mobilidade. O transporte é um direito fundamental para a população. Não é possível que Salvador continue nessa posição, que seja motivo de piada nacional com um metrô que está sendo construído há 13 anos”, finaliza Aladilce Souza.

Divergências entre Estado e Prefeitura
Durante a audiência, o secretário Rui Costa voltou a defender o projeto de criação de um sistema metroviário, independente dos ônibus, semelhante ao praticado no Rio de Janeiro, com tarifa entre R$ 3,10 e R$ 3,90, já com minibus gratuito para quem está a um raio de 5 quilômetros das estações do metrô.

Rui Costa ainda listou uma série de intervenções por vir, como a duplicação da Avenida Pinto de Aguiar e a criação de um complexo de viadutos na altura do Imbuí, justamente para desafogar a Avenida Paralela. As obras seriam suplementares e preparatórias à implantação do metrô.

A proposta não foi considerada boa para José Carlos Aleluia, que, com o argumento de manutenção da tarifa de ônibus a R$ 2,80, pretende impor a matemática dos sonhos dos empresários: ganhar o mesmo valor por passageiro para cobrir uma área de ínfimos 10 quilômetros, em duas pernas de cinco. No entendimento do governador Jaques Wagner, que, com a demora da licença da prefeitura para a licitação ser publicada, disse que investiria os recursos em outros projetos, a ação encareceria e "inviabilizaria" o metrô.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro