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Em discurso na Assembleia, Amazonas defende vitória de Maduro

Às vésperas das eleições na Venezuela, o deputado estadual do PCdoB de São Paulo, Alcides Amazonas, apresentou na Assembleia Legislativa discurso em apoio ao candidato bolivariano Nicolás Maduro, continuador do processo iniciado por Hugo Chávez.

Primeiro deputado da Assembleia Legislativa de São Paulo oriundo dos condutores e líder sindical de sua categoria, Amazonas recordou, além das afinidades políticas, a semelhança entre seu perfil e o de Maduro, também um ex-motorista.

“Há também uma identidade de origem e de profissão que me aproxima e faz ter mais carinho pela eleição venezuelana. Acontece que o provável novo presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, é, assim como eu, ligado ao ramo de transportes, um condutor do Metropolitano de Caracas e chegou a ser presidente do sindicato da sua categoria”, disse Amazonas.

O deputado destacou que “embora menos reconhecida do que merecia, a profissão de motorista é essencial à vida das pessoas, ao funcionamento das cidades, à organização do trabalho, ao desenvolvimento econômico, ao transporte de mercadorias. Enfim, em quase tudo o que acontece em nosso cotidiano, das coisas simples às mais complexas, quase sempre vai se ver o anônimo, porém essencial, trabalhador do transporte”.

Ao tratar do processo de transformação social pelo qual o país passa, Amazonas enfatizou: “A Revolução Bolivariana comandada por Hugo Chávez tocou os sentimentos populares, contribuiu para reavivar e atualizar os ideais socialistas através do que denominou "Socialismo do Século 21", resgatou ícones da integração continental, como Simon Bolívar, retomou para os interesses nacionais e para o povo o petróleo, principal riqueza daquele país”.

O parlamentar lembrou ainda que no mesmo ano do golpe contra Chávez, 2002, “começava a mudar a história de quase toda a América Latina, capitaneada pela eleição de Luís Inácio Lula da Silva aqui em nosso Brasil”. Naquele momento, disse Amazonas, “a correlação de forças começava a se alterar e, a partir de então, a Revolução Bolivariana da Venezuela não mais estaria sozinha e teria a parceria do país e dos irmãos brasileiros. Voltava a ganhar força o nobre ideal da integração latino-americana”.

Acompanhe a seguir a íntegra do discurso:

Sr. Presidente, senhores deputados, telespectador que nos acompanha pela TV Assembleia, nesta semana um acontecimento importante da política internacional, especialmente para a América Latina, terá lugar na Venezuela: no próximo dia 14, este país irmão elegerá um novo presidente. Ao que indicam todas as informações, o escolhido pelo povo deverá ser Nicolás Maduro, anunciado por Hugo Chavez, pouco antes da morte, como herdeiro de seu legado político.

A Venezuela, como todos sabemos, começou a escrever uma página nova em sua história a partir de 1999, quando Hugo Chavez Frias – o comandante Hugo Chavez – assumiu a presidência do país.
Até então, a realidade latino-americana era de submissão aos ditames neoliberais e de alinhamento automático aos interesses do imperialismo norte-americano. Realidade que começava mudar.
A Revolução Bolivariana comandada por Hugo Chavez tocou os sentimentos populares, contribuiu para reavivar e atualizar os ideais socialistas através do que denominou "Socialismo do Século 21", resgatou ícones da integração continental, como Simon Bolívar, retomou para os interesses nacionais e para o povo o petróleo, principal riqueza daquele país.

O "Socialismo do Século 21" obviamente gerou resistências das elites locais, que perdiam seus privilégios em favor da grande maioria do povo, e de potências estrangeiras, acostumadas a regimes dóceis e servis. A brutal reação dos poderosos não se limitou às infâmias, ofensas e mentiras que vemos e ouvimos nas grandes mídias ou ao plano da luta político-eleitoral. A reação degenerou em covarde golpe de Estado contra Chavez, em 2002.

Mas mesmo o golpe não pode resistir à histórica aliança cívico-militar que levou Chavez de volta ao poder, respaldado pelos braços do povo e pela força das armas.

Neste mesmo ano de 2002 começava a mudar a história de quase toda a América Latina, capitaneada pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva aqui em nosso Brasil. Naquele momento a correlação de forças começava a se alterar e, a partir de então, a Revolução Bolivariana da Venezuela não mais estaria sozinha e teria a parceria do país e dos irmãos brasileiros. Voltava a ganhar força o nobre ideal da integração latino-americana.

Mas, senhor presidente, afora as convicções políticas, há ainda outro motivo que me faz subir a esta tribuna. Há também uma identidade de origem e de profissão que me aproxima e faz ter mais carinho pela eleição venezuelana. Acontece que o provável novo presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, é, assim como eu, ligado ao ramo de transportes, um condutor do Metropolitano de Caracas e chegou a ser presidente do sindicato da sua categoria.

Embora menos reconhecida do que merecia, a profissão de motorista é essencial à vida das pessoas, ao funcionamento das cidades, à organização do trabalho, ao desenvolvimento econômico, ao transporte de mercadorias. Enfim, em quase tudo o que acontece em nosso cotidiano, das coisas simples às mais complexas, quase sempre vai se ver o anônimo, porém essencial, trabalhador do transporte.

O motorista é também um profundo conhecedor da realidade de sua comunidade, da sua cidade. Ao transportar milhares de pessoas diariamente, um motorista deixa de ser alguém impessoal e, muitas vezes, torna-se um amigo, passa a conhecer a vida, os anseios, as agruras, as alegrias e as tristezas daqueles que leva e trás, diariamente, de casa para o trabalho e do trabalho para casa.

Além disso, a imensa maioria dos trabalhadores em transporte, aqui no Brasil ou fora dele, não costuma vir de famílias abastadas ou nascer em berço esplêndido. Ao contrário, em geral temos em comum a origem humilde, a vontade de vencer na vida, de melhorar a realidade de nossas famílias.
Por isso, colegas deputados, por conhecer tão de perto a vida e o cotidiano de milhões de pessoas, por ser de origem popular, o trabalhador em transporte é sensível às necessidades sociais, aos desejos de seu povo e de seu país.

Concluo, senhor presidente, dizendo que tenho o orgulho de ser o primeiro deputado motorista desta Assembleia Legislativa. A política e o meu Partido, o PCdoB, me deram a oportunidade de estar aqui, fazendo meu melhor para representar os interesses do povo de São Paulo e dos milhares de homens e mulheres que trabalham no ramo do transporte neste estado.

Nicolás Maduro será consagrado, porque a marcha do povo venezuelano para o futuro não aceitará passos atrás, o primeiro motorista a presidir uma Nação. Desejo sucesso ao colega Nicolás Maduro, a Venezuela, ao povo venezuelano e à sua Revolução Bolivariana – que certamente estarão nas mãos de um bom condutor!