Em discurso na Assembleia, Amazonas defende vitória de Maduro
Às vésperas das eleições na Venezuela, o deputado estadual do PCdoB de São Paulo, Alcides Amazonas, apresentou na Assembleia Legislativa discurso em apoio ao candidato bolivariano Nicolás Maduro, continuador do processo iniciado por Hugo Chávez.
Publicado 11/04/2013 14:46
Primeiro deputado da Assembleia Legislativa de São Paulo oriundo dos condutores e líder sindical de sua categoria, Amazonas recordou, além das afinidades políticas, a semelhança entre seu perfil e o de Maduro, também um ex-motorista.
“Há também uma identidade de origem e de profissão que me aproxima e faz ter mais carinho pela eleição venezuelana. Acontece que o provável novo presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, é, assim como eu, ligado ao ramo de transportes, um condutor do Metropolitano de Caracas e chegou a ser presidente do sindicato da sua categoria”, disse Amazonas.
O deputado destacou que “embora menos reconhecida do que merecia, a profissão de motorista é essencial à vida das pessoas, ao funcionamento das cidades, à organização do trabalho, ao desenvolvimento econômico, ao transporte de mercadorias. Enfim, em quase tudo o que acontece em nosso cotidiano, das coisas simples às mais complexas, quase sempre vai se ver o anônimo, porém essencial, trabalhador do transporte”.
Ao tratar do processo de transformação social pelo qual o país passa, Amazonas enfatizou: “A Revolução Bolivariana comandada por Hugo Chávez tocou os sentimentos populares, contribuiu para reavivar e atualizar os ideais socialistas através do que denominou "Socialismo do Século 21", resgatou ícones da integração continental, como Simon Bolívar, retomou para os interesses nacionais e para o povo o petróleo, principal riqueza daquele país”.
O parlamentar lembrou ainda que no mesmo ano do golpe contra Chávez, 2002, “começava a mudar a história de quase toda a América Latina, capitaneada pela eleição de Luís Inácio Lula da Silva aqui em nosso Brasil”. Naquele momento, disse Amazonas, “a correlação de forças começava a se alterar e, a partir de então, a Revolução Bolivariana da Venezuela não mais estaria sozinha e teria a parceria do país e dos irmãos brasileiros. Voltava a ganhar força o nobre ideal da integração latino-americana”.
Acompanhe a seguir a íntegra do discurso:
A Venezuela, como todos sabemos, começou a escrever uma página nova em sua história a partir de 1999, quando Hugo Chavez Frias – o comandante Hugo Chavez – assumiu a presidência do país.
Até então, a realidade latino-americana era de submissão aos ditames neoliberais e de alinhamento automático aos interesses do imperialismo norte-americano. Realidade que começava mudar.
A Revolução Bolivariana comandada por Hugo Chavez tocou os sentimentos populares, contribuiu para reavivar e atualizar os ideais socialistas através do que denominou "Socialismo do Século 21", resgatou ícones da integração continental, como Simon Bolívar, retomou para os interesses nacionais e para o povo o petróleo, principal riqueza daquele país.
O "Socialismo do Século 21" obviamente gerou resistências das elites locais, que perdiam seus privilégios em favor da grande maioria do povo, e de potências estrangeiras, acostumadas a regimes dóceis e servis. A brutal reação dos poderosos não se limitou às infâmias, ofensas e mentiras que vemos e ouvimos nas grandes mídias ou ao plano da luta político-eleitoral. A reação degenerou em covarde golpe de Estado contra Chavez, em 2002.
Mas mesmo o golpe não pode resistir à histórica aliança cívico-militar que levou Chavez de volta ao poder, respaldado pelos braços do povo e pela força das armas.
Neste mesmo ano de 2002 começava a mudar a história de quase toda a América Latina, capitaneada pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva aqui em nosso Brasil. Naquele momento a correlação de forças começava a se alterar e, a partir de então, a Revolução Bolivariana da Venezuela não mais estaria sozinha e teria a parceria do país e dos irmãos brasileiros. Voltava a ganhar força o nobre ideal da integração latino-americana.
Mas, senhor presidente, afora as convicções políticas, há ainda outro motivo que me faz subir a esta tribuna. Há também uma identidade de origem e de profissão que me aproxima e faz ter mais carinho pela eleição venezuelana. Acontece que o provável novo presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, é, assim como eu, ligado ao ramo de transportes, um condutor do Metropolitano de Caracas e chegou a ser presidente do sindicato da sua categoria.
Embora menos reconhecida do que merecia, a profissão de motorista é essencial à vida das pessoas, ao funcionamento das cidades, à organização do trabalho, ao desenvolvimento econômico, ao transporte de mercadorias. Enfim, em quase tudo o que acontece em nosso cotidiano, das coisas simples às mais complexas, quase sempre vai se ver o anônimo, porém essencial, trabalhador do transporte.
O motorista é também um profundo conhecedor da realidade de sua comunidade, da sua cidade. Ao transportar milhares de pessoas diariamente, um motorista deixa de ser alguém impessoal e, muitas vezes, torna-se um amigo, passa a conhecer a vida, os anseios, as agruras, as alegrias e as tristezas daqueles que leva e trás, diariamente, de casa para o trabalho e do trabalho para casa.
Além disso, a imensa maioria dos trabalhadores em transporte, aqui no Brasil ou fora dele, não costuma vir de famílias abastadas ou nascer em berço esplêndido. Ao contrário, em geral temos em comum a origem humilde, a vontade de vencer na vida, de melhorar a realidade de nossas famílias.
Por isso, colegas deputados, por conhecer tão de perto a vida e o cotidiano de milhões de pessoas, por ser de origem popular, o trabalhador em transporte é sensível às necessidades sociais, aos desejos de seu povo e de seu país.
Concluo, senhor presidente, dizendo que tenho o orgulho de ser o primeiro deputado motorista desta Assembleia Legislativa. A política e o meu Partido, o PCdoB, me deram a oportunidade de estar aqui, fazendo meu melhor para representar os interesses do povo de São Paulo e dos milhares de homens e mulheres que trabalham no ramo do transporte neste estado.
Nicolás Maduro será consagrado, porque a marcha do povo venezuelano para o futuro não aceitará passos atrás, o primeiro motorista a presidir uma Nação. Desejo sucesso ao colega Nicolás Maduro, a Venezuela, ao povo venezuelano e à sua Revolução Bolivariana – que certamente estarão nas mãos de um bom condutor!