Dops: Marin usou política para interferir em entidades esportivas
Ex-governador, ex-deputado estadual e ex-vereador, José Maria Marin usou sua carreira política na ditadura para influenciar em entidades esportivas, como a Federação Paulista de Futebol e a própria confederação. Como presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL), retomou sua carreira política com novos aliados.
Publicado 13/04/2013 16:05
De acordo com informações da imprensa há mais de 100 papéis relacionados ao dirigente nos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), do Sistema Nacional de Informação (SNI), órgãos que reuniam as investigações do regime, e na Assembleia Legislativa. Neste sábado (13), publica a terceira e última matéria da série de reportagens sobre a atuação dele como político nos anos de chumbo.
As posições de Marin sobre o futebol estão registradas em discursos na Assembleia Legislativa: mostram que já tinha o objetivo de influenciar nas entidades do esporte. Quando teve poder como governador, usou de fato sua força para obter cargo na esfera esportiva.
Em 1973, Marin fez críticas diretas a João Havelange, presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), antecessora da CBF. Insinuou que ele utilizava Pelé para tentar se eleger à presidência da Fifa.
"Até hoje o povo brasileiro não compreende os motivos reais do afastamento do consagrado Edson Arantes do Nascimento, e o que há entre o nosso Rei Pelé e o presidente João Havelange. Já existem comentários de que tudo se resume no interesse pessoal do senhor João Havelange de assumir a presidência da Fifa, utilizando-se ele do prestígio do consagrado Edson Arantes Nascimento", atacou Marin.
Em junho de 1974, as críticas foram dirigidas ao então técnico da seleção brasileira Zagallo, na preparação do time para a Copa da Alemanha, em 1974. "Temos certeza absoluta de que a dedicação e, principalmente, o patriotismo dos nossos craques superarão a já conhecia teimosia e o personalismo condenável do técnico Zagallo", analisou. Alegava que o treinador impunha uma forma de jogar muito rígida para os atletas, que perdiam, assim, o jeito brasileiro de atuar.
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Mais tarde, quando Havelange foi eleito presidente da Fifa, o político mudou de discurso e passou a elogiá-lo. Para ele, o Brasil não seria prejudicado na arbitragem pos sua eleição. A partir daí, queria um paulista à frente da CBD.
"É nossa modesta opinião (…) que o homem mais indicado para ocupar esse cargo (…) presidente da CDB é o atual presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), José Ermínio de Moraes Filho", discursou em junho de 74. Pregou que a imprensa e homens do futebol deveriam lançar sua candidatura.
Nas palavras de Marin, há um forte bairrismo em favor do futebol de São Paulo, com críticas aos cariocas. Esse sentimento o levou a rejeitar uma espécie de Timemania que era articulada em 1977.
Fonte: UOL