Amazonas critica empresários e reafirma apoio aos condutores

Numa rica e intensa plenária com a presença do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, realizada nesta segunda-feira, 15, o deputado estadual Alcides Amazonas (PCdoB) voltou a defender os direitos dos trabalhadores de transporte: “Se tivéssemos empresários sérios em São Paulo, eu não teria precisado fazer a lei garantindo o emprego dos cobradores”, disse o parlamentar recordando a lei 13.207/01, que aprovou quando era vereador e que, agora, quer aplicar em todo o estado de São Paulo.

Alcides Amazonas

O evento, que reuniu centenas de trabalhadores e líderes sindicais, aconteceu na sede do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviários Urbanos e teve como tema os desafios estruturais do sistema público coletivo.

“Não conheço nenhuma categoria neste país que possa se dar ao luxo de ter um vereador e um deputado estadual. E acho que não demorará muito teremos um federal também”, disse Amazonas referindo-se a ele mesmo e ao vereador Vavá dos Transportes (PT), também presente ao ato.

“Vamos trabalhar juntos em defesa de um transporte público eficiente, de qualidade e com tarifa acessível, uma maneira de melhorar a mobilidade do nosso povo e incentivar o uso do modal coletivo em substituição ao individual. Com isso, estaremos também garantindo o emprego dos trabalhadores do ramo”.

Amazonas ainda destacou que seu mandato terá, como um de seus pilares, a defesa dos direitos dos condutores e a melhoria das condições de trabalho. Neste sentido, o deputado denunciou o não cumprimento total da lei 13.542/03, que aprovou quando vereador e que agora apresentou para ser adotada em nível estadual: “Esta lei determina que os ônibus de motor dianteiro sejam substituídos pelos de motor traseiro. Mas infelizmente há empresas que insistem em utilizar veículos de motor dianteiro. E todo mundo sabe que o motorista que dirige ônibus deste tipo durante 20 anos passa a ter problemas de audição, de circulação, enfim, um conjunto de doenças que ele adquire em função da proximidade com a quentura, trepidação e o barulho causados pelo motor”. Dirigindo-se ao secretário Jilmar Tatto, enfatizou: “Precisamos fazer com que as empresas respeitem a lei e acabem com esses ônibus de motor dianteiro”.

O deputado ressaltou ainda a importância das desonerações recentemente anunciadas pela presidenta Dilma para a redução do custo de vida da população. Mas, sobre a possibilidade estudada pelo governo de estender a medida para os pneus, diesel e demais insumos utilizados no sistema de transporte, fez uma ressalva: “Se vier a ser aplicada, é uma iniciativa muito positiva, mas desde que os recursos economizados não sirvam para aumentar os lucros dos empresários, mas para melhorar o sistema e valorizar seus trabalhadores. Há muitos empresários gananciosos, que só pensam em seu lucro e nunca nos trabalhadores”. Amazonas inclusive alertou os sindicalistas para abordar a questão durante a campanha salarial dos condutores.

Recordando a administração Marta Suplicy – quando foi vice-líder do governo na Câmara Municipal e relator do Bilhete Único – Amazonas salientou: “É verdade que naquele momento ficamos entre tapas e beijos. Por um lado, tivemos conquistas importantes para o povo e para os usuários dos transportes públicos, como o Bilhete Único – que agora terá sua versão mensal – além de muitos quilômetros de corredores de ônibus. Mas infelizmente naquele período tivemos também retrocessos do ponto de vista dos trabalhadores do transporte. A julgar pela vinda do secretário para dialogar com os condutores, nossa expectativa é de que na gestão da Haddad e Nádia a categoria seja mais valorizada”.

Garantia de emprego

Conforme dados da Secretaria de Transportes, hoje são realizadas cerca de 18 milhões de viagens por dia na capital, das quais 56% são feitas por meio de transporte coletivo. Destes, 81% são via ônibus, 22% por metrô e 11% por trem.

Para lidar com tamanha grandiosidade e desproporção entre modais, do ponto de vista das possibilidades da prefeitura estão nos planos da gestão Haddad, entre outras ações, o maior investimento em corredores e faixas exclusivas. Segundo Tatto, São Paulo precisa de 460 km de corredores (hoje tem 130). Haddad pretende fazer 150 km de corredores e 150 km de faixas exclusivas, além de 14 novos terminais.

Sobre uma das preocupações levantadas pelos condutores – o risco de haver perda de postos de trabalho – Tatto foi enfático: “não vamos desempregar nenhum trabalhador dos transportes”. Segundo ele, hoje há maior facilidade de dialogar com os empresários do setor.

Tatto também ressaltou que “queremos democratizar o viário público porque hoje ele não é democrático, priorizar o transporte coletivo e garantir maior velocidade e eficiência para que as pessoas prefiram andar de ônibus ao invés de carro”.

Dentre os dirigentes sindicais presentes ao ato estavam, entre outros, Isao Hosogi (Jorginho), presidente do Sindicato dos Condutores, José Carlos Negrão e Edvaldo Santiago, dirigentes, Luiz Gonçalves, presidente da Nova Central de São Paulo e Gregório Poço, presidente do CMTC Clube e Toré, presidente do Sindicato dos Rodoviários.

De São Paulo,
Priscila Lobregatte