Caetano Veloso rebate Feliciano: “Ele mente em nome de Deus”

“Como pode ele […] afirmar que […] o êxito inesperado de minha versão de “Sozinho” se deveu a eu ter mostrado a faixa a Mãe Menininha e esta ter-lhe posto uma bênção que, para Feliciano, seria trabalho do diabo? Mãe Menininha, figura importante da história cultural brasileira, já tinha morrido fazia cerca de dez anos quando gravei a canção”, escreveu Caetano, em sua coluna no jornal O Globo.

No texto, o artista desmente o deputado-pastor e explica que não tem religião. “Ele não sabe que eu jamais sequer mostrei qualquer canção minha à famosa ialorixá. Nem a Nossa Senhora da Purificação eu peço sucesso na carreira. Nunca pedi. Nem a Deus, nem aos deuses, e muito menos ao diabo. Decepciono muitos amigos por não ser religioso. Mas respeito cada vez mais as religiões”.

Caetano ainda pediu que os religiosos se atentassem a Marco Feliciano, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara Federal. “Eu diria a pastores, padres, rabinos ou imãs — sem falar em pais de santo e médiuns espíritas, que são diretamente agredidos por ele — que atentassem para o comportamento de Feliciano: como pode falar em nome de Deus quem mente com tão evidente consciência de que está mentindo?”.

As declarações de Marco Feliciano contra Caetano são uma resposta à participação do cantor baiano em um encontro organizado por artistas, em repúdio a escolha do deputado para a CDHM, no Rio de Janeiro. Na ocasião, Caetano Veloso defendeu: “Não é admissível que essa comissão esteja sendo dirigida e presidida por um pastor que expressou nitidamente a intolerância, tanto da ordem sexual, como racial”.

De Salvador,
Erikson Walla