Bélgica desbarata rede que recruta mercenários contra a Síria

A polícia belga iniciou o desmantelamento de uma rede de recrutamento de combatentes para os destacamentos rebeldes sírios. Os recrutadores funcionam por toda a União Europeia, enquanto os mercenários islamitas que regressam da guerra poderão ser usados na própria Europa.

Por Nikita Sorokin, na Voz da Rússia

Mercenários na Síria - random

A Bélgica está longe de ser o primeiro país europeu cujas autoridades se começaram a preocupar com o recrutamento de cidadãos seus para os grupos armados da oposição síria. Contra as tropas governamentais, neste momento estão a combater cerca de uma centena de "voluntários" britânicos e de cinquenta a cem cidadãos franceses. Segundo diferentes informações, na guerra contra o Bashar al-Assad participam várias centenas de cidadãos da União Europeia.

O Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido reforçou o controle sobre os indivíduos que viajam para fora do país em direção à Síria. Também as autoridades francesas tentam monitorizar essa situação. Os órgãos policiais europeus não estão certamente preocupados com os danos que os seus compatriotas possam provocar a Bashar al-Assad.

O problema é que todos esses “voluntários”, apesar de possuírem passaportes europeus, são na sua esmagadora maioria originários dos países do Norte de África, do Oriente Médio e da Ásia Central. Por isso, os europeus de origem têm um sério receio do regresso desses mercenários islamitas vindos da guerra: o que irão fazer por cá esses “soldados da fortuna”? Porque esses homens, sobretudo jovens, nem tiveram tempo de aprender mais nada, nem tiveram essa aspiração, além de combater os infiéis.

Esse meio criou uma estrutura bem organizada de células e grupos extremistas, explicou à Voz da Rússia o coronel Lev Korolkov, perito em situações de crise e veterano dos Serviços de Informações Exteriores da Federação Russa:

“Se trata de uma rede muito bem estruturada e desenvolvida pelo menos durante toda a última década com os seus pontos de recrutamento situados perto dos locais de concentração do contingente alvo, que são as diásporas gigantescas de pessoas originárias dos países islâmicos que se estabeleceram na Europa. A área da sua principal concentração é a Holanda, numa maior escala – a Bélgica e em menor escala – a Suécia. Na Noruega a dimensão ainda é menor, mas existem nos locais em que foram criadas condições mais favoráveis para os chamados refugiados-vítimas.”

O mais importante é a base material para o recrutamento dos novos militantes islamitas, ou seja – o financiamento, diz Lev Korolkov. O perito considera que as atividades que visam o recrutamento de combatentes do Islã são financiadas, principalmente, pelos países do Golfo Pérsico.

Ao canalizar meios financeiros para o recrutamento de voluntários, por exemplo para a oposição síria, esses países visam o seu objetivo principal que é garantir uma bolsa de recrutamento para o caso de surgir alguma situação desfavorável para eles próprios. Os mercenários que regressam da guerra, que tiveram uma excelente preparação operacional e que absorveram o espírito da jihad, são um excelente material consumível, completamente pronto para ser utilizado. São pessoas que já ultrapassaram os limites da moral, do medo, armados com a ideologia perfeita, na sua opinião, do assassinato em nome de uma causa superior.

Europa se prepara para onda de terrorismo interno

A política externa da União Europeia tem fomentado, nos últimos anos, a ameaça do terrorismo interno na Europa. Isso é especialmente favorecido pela ingerência interna da União Europeia nos processos em curso no Oriente Médio, no Norte de África e na Ásia Central, considera o responsável pelo departamento de segurança europeia do Instituto da Europa da Academia das Ciências Russa Dmitri Danilov:

“É totalmente compreensível que, nesse contexto, a ameaça terrorista não apenas se mantenha, mas que aumente. Quanto mais os Estados europeus se envolverem na luta contra o terrorismo internacional (não só fora da Europa, como também dentro dos seus próprios países), tanto maior será o perigo de haver ataques terroristas. Eu não associaria diretamente o envolvimento militar dos países europeus no mundo árabe ao aumento de uma ameaça terrorista direta. Mas existe uma relação lógica entre ambos. Inicialmente, os europeus tentaram apresentar as coisas como se se tratasse de terrorismo internacional. Mas rapidamente se tornou evidente que é impossível dissociar o terrorismo internacional do terrorismo interno.”

De acordo com uma série de especialistas, a quarta geração de imigrantes muçulmanos, atualmente ativa, diz inequivocamente um “Não!” à civilização ocidental e está se preparando de forma deliberada para lhe fazer guerra. Esta geração é uma bomba-relógio depositada na Europa, ou a “quinta coluna” da jihad, mas a terminologia não altera a relação de causa-efeito entre o que se passa hoje e o que será altamente provável num futuro próximo.