Ex-premiê israelense critica o atual em temas de conflito

O antigo primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert acusou o incumbente, Benjamin Netanyahu, de “exagerar” sobre a questão nuclear do Irã, considerada por ele uma “ameaça”, e reafirmou a solução de dois Estados para o conflito com os palestinos. Olmert falou em uma conferência organizada pelo jornal Jerusalem Post, em Nova York, neste domingo (28).

Ex-premiê israelense Ehud Olmert - Telegraph

Segundo o político, “o programa nuclear iraniano não vem fazendo progresso em anos, e a extensão da ameaça tem sido exagerada”, em referência às declarações do atual primeiro-ministro sobre a suposta intenção iraniana de atacar Israel e que, por isso, Israel poderá atacar “preventivamente”.

Entretanto, a afirmação do presidente dos EUA Barack Obama durante a sua visita a Israel, no mês passado, de que ele não permitirá ao Irã a posse de armas nucleares, segundo Olmert, dignifica que os EUA está “fazendo o seu melhor para evitar que o Irã tenha capacidades nucleares”.

Ele pediu que o governo de Teerã “leve isso a sério”, embora o presidente Mahmoud Ahmadinejad e o supremo líder da República Islâmica, Ali Khamenei, reafirmem frequentemente a intenção pacífica (para usos civis) do programa nuclear ao qual a nação persa tem direito, como signatária do Tratado de Não Proliferação Nuclear (ao contrário de Israel) e como Estado soberano e independente.

O antigo primeiro-ministro também advertiu Netanyahu sobre um isolamento internacional, “não porque a comunidade internacional seja antissemita, mas porque não pode mais aceitar a ocupação israelense de terras palestinas desde 1967”, Ele exigiu que o governo israelense lide com os líderes estadunidenses de maneira sábia, evitando fazer comentários frustrantes.

Olmert pediu a implementação da solução de dois Estados, consenso entre a comunidade internacional, e ressaltou que a falha em alcançar-se tal solução terá um impacto desastroso em Israel. A situação estratégica atual do país, sublinhou, “é a melhor dos anos mais recentes”, e não se pode esperar que Israel entre em guerra nos próximos dez anos, “já que um número de Estados árabes mudaram sua atitude com relação a Israel, num esforço por evitar ações que possam custar milhões de vidas”.

Olmert foi primeiro-ministro de Israel entre 2006 e 2009, pelo partido centrista Kadima, e é considerado um dos que tiveram melhor relação com a Autoridade Palestina, o que levou a uma conferência de paz (Conferência de Anápolis) em 2007.

Entretanto, Olmert ainda estava no cargo quando, no final de 2008, o exército israelense lançou a operação militar Chumbo Derretido contra a Faixa de Gaza, em que 1.400 palestinos morreram. Desde então, não houve mais negociações de paz significativas entre Israel e Palestina.

Com Middle East Monitor,
da redação do Vermelho