Perpétua Almeida: Unir é preciso 

O Brasil acompanha com atenção os esforços da presidenta Dilma para evitar que a crise internacional nos atinja com a mesma intensidade que se abateu sobre a Europa. A desoneração para incentivar a indústria nacional entretanto provoca a diminuição de dinheiro em caixa, cuja consequência direta estamos sentindo na redução dos valores nos repasses do FPE e FPM. Vinte milhões de reais a menos, por exemplo, fazem uma diferença brutal em estados pobres como o nosso.

Por Perpétua Almeida* 

Discutir problemas como este e outros, que certamente afligirão toda a sociedade acreana, deveria ser uma preocupação nossa, da classe política, sem distinção ideológica ou partidária. Infelizmente não vejo tentativas de união em defesa das causas maiores do Acre.

Nesta semana fui ao centenário de Tarauacá de carro pela nossa BR 364. Ao percorrer cinco horas até lá, fui vendo que a conclusão da estrada deveria ser uma dessas causas a nos unir. Fui lembrando também da declaração da presidenta Dilma quando disse recentemente em Porto Alegre que o Brasil precisa investir em infraestrutura um volume de recursos compatível com suas necessidades.

Dilma está certa. Ela sabe que infraestrutura é fundamental para o desenvolvimento econômico do Brasil, dos estados e municípios. Sem ela as empresas não conseguem desenvolver adequadamente seus negócios que impactam diretamente no aumento de empregos e salários, se a economia cresce.

Ora, se temos a garantia da nossa presidenta de investimentos para as obras estruturantes e, se temos consciência do benefício que a conclusão da BR poderá trazer para o Acre, por que não estamos todos unidos, neste exato momento, pela liberação dessa verba?

A oposição sabe dos esforços que os governos da Frente Popular têm feito para buscar recursos para a nossa BR 364. E sabe mais: o dinheiro que tem vindo para a estrada é usado na estrada. E eu sei, acredito que a maioria na Frente Popular também sabe, que a oposição e nem ninguém é contra a estrada! E acredito, acima de tudo, que está na hora de deixarmos os discursos de lado e nos unirmos quando a causa for maior do que as nossas disputas. Se nos unirmos, governo e oposição num esforço conjunto, a população será a grande beneficiada pela conclusão da estrada. Seja com empregos, ou com a redução dos preços finais ao consumidor dos municípios mais distantes.

No entanto, uma estrada inconclusa não realizará todo o seu potencial de desenvolvimento, de reduzir custos e aproximar lugares distantes.

Durante a viagem percebi alguns trechos muito ruins na estrada. É inegável. Estes precisam de reparos urgentes e constantes, dado o diferencial de nosso clima e nosso solo. Mas, é ao mesmo tempo, reconfortante lembrar que o Vale do Juruá deixou de ser isolado nos últimos 10 anos, por esta mesma estrada. Eu vi e ouvi o reconhecimento da população nisso também.

Portanto, em vez de reeditarmos as polêmicas obsoletas como a que injustiçou a ex-ministra Marina Silva por ocasião da construção dessa mesma estrada, poderíamos nos juntar todos, instituições federais e estaduais, parlamentares e prefeitos ao nosso governador Tião Viana e fazermos pressão junto ao Ministério dos Transportes pela liberação dos recursos necessários para a conclusão da nossa estrada.

A BR 364 é fundamental para o desenvolvimento do Acre. A industrialização tão necessária, não ocorrerá se não houver uma infraestrutura adequada. Em 2004 quando, também pela estrada, fui ao centenário de Cruzeiro do Sul numa caravana que organizei junto com Edvaldo, César Messias, Arquilau e outros, lembro que ouvi de um caminhoneiro "atolado" na estrada que via sua mercadoria (frutas) se estragar, a seguinte frase: "esta estrada é a espinha dorsal do Acre”.

*É deputada federal pelo PCdoB do Acre