População da Guatemala faz marcha pacífica neste 1º de Maio

Em um cenário de imposição do modelo extrativo mineiro e do modelo energético na Guatemala, e no conflito entre comunidades afetadas e governo, o Conselho de Povos do Ocidente (CPO) convocou a população a participar neste 1º de Maio da Marcha pela Paz, Justiça e Direitos Individuais e Coletivos dos Povos, "Liberdade ao companheiro Rubén Herrera”, e "Justiça pelo irmão Daniel Pedro”.

O objetivo é denunciar o autoritarismo na imposição de modelos econômicos que agridem as comunidades, afetam e contaminam o meio ambiente; a violação de direitos com a ocupação, invasão e despejo das comunidades de seus territórios, a repressão e o controle social, além da violação do direito fundamental da Consulta prévia e informada, ignorando as demandas das populações e povos afetados por esses projetos.

Para o CPO, o governo liderado pelo presidente Otto Pérez Molina "está empenhado” em favorecer as empresas transnacionais com reformas legais e militarização para que elas "possam saquear nossos bens estratégicos como a água e os minerais”, por meio de um modelo de "falso desenvolvimento”. Representando uns dos mais graves atos de autoritarismo e violação, o governo, segundo o Conselho, vem implementando estratégias contra a manifestação pacífica dos povos, com repressão, intimidação, perseguição legal e política contra povos e defensores de direitos humanos, desqualificando e justificando a criminalização das lutas sociais.

Exemplos disso foram os casos do massacre dos irmãos kiches de Totonicapan em outubro de 2012, o sequestro e atentado contra as autoridades do Povo Xinca, a repressão contra nossos irmãos de San José del Golfo e San Rafael las Flores, a perseguição e intimidação contra nossos irmãos de Barillas e San Juan Sacatepéquez. Os casos recentes foram a detenção de Rubén Herrera desde o dia 15 de março e o assassinato de Daniel Pedro no último dia 7 de abril, vítimas que serão homenageadas durante a Marcha.

"Pedimos o esclarecimento e justiça pelo sequestro e assassinato de nosso irmão Q’ anjob’al Daniel Pedro de Santa Eulalia e exigimos a liberdade imediata a nosso companheiro Rubén Herrera, preso político pelo caso Barillas”, enfatiza.

Durante a marcha de quarta-feira os participantes também reivindicaram o cancelamento das licenças mineiras, hidroelétricas, petroleiras em seus territórios; a nacionalização da energia elétrica; o respeito à livre determinação dos povos manifestados nas consultas comunitárias; justiça pela memória das vítimas do conflito armado interno; e o fim do aumento no preço da cesta básica.

"Em apenas dois anos de governo de Otto Pérez Molina a situação econômica dos guatemaltecos e guatemaltecas piorou; a imposição de uma reforma fiscal que veio para complicar a vida da população mais empobrecida, a cobrança excessiva da energia elétrica, mantém a população em condições difíceis”, esclarece.

Fonte: Adital