SP: Centrais comemoram, mas pedem mais avanços

Mais uma vez a praça Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo foi o cenário do ato unificado das centrais sindicais, neste 1º de maio. O ato foi organizado pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Força Sindical, Nova Central e União Geral dos Trabalhadores e além das bandeiras de luta, comemorou os 70 anos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

Ato Unificado das Centrais Sindicais 2013 - Ana Flávia Marx

Entre as bandeiras de luta, os sindicalistas que fizeram intervenção durante o evento falaram, principalmente, da jornada de 40 horas semanais sem redução de salários, do fim do fator previdenciário
e da importância 10% do PIB para educação, como investimento que pode contribuir com em outras áreas, como a violência.

Para o representante da CTB, o bancário e bahiano Adilson Araújo, a partir do governo Lula foi consagrado um círculo virtuoso de geração de emprego e ampliação de direitos e conquistas trabalhistas, mas esse avanço necessita de uma nova fase. “Precisamos trabalhar na expectativa de promover uma nova arrancada, que para nós do movimento sindical é crucial, estratégico e fundamental. Isso significa ter imediatamente uma mudança no curso da política econômica, continuar com a redução dos juros e gerar mais empregos, além de acabar com o fator previdenciário que rouba 40% do bolso do peão, das aposentadorias e pensões”.

Adilson defendeu ainda que o governo paute as reformas estruturais, como a reforma política para que os trabalhadores possam ocupar mais espaço no legislativo, além de promover mudanças no judiciário e pautar um novo marco de regulamentação da comunicação.

Relação com o Governo Dilma

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, representou a presidenta Dilma Rousseff e reafirmou o compromisso do governo com o movimento sindical.” Faça chuva ou faça sol, nós estamos ao lado dos trabalhadores”, disse.

Carvalho lembrou que antes dos governos de Lula e Dilma os sindicalistas sequer eram recebidos no Planalto e que os ministros nem apareciam nos atos das centrais sindicais. Além de falar da relação entre governo e o movimento sindical, o ministro também citou as manchetes de jornais que anunciou o reajuste acima da inflação de 86% das categorias profissionais.

“E mais, a taxa de desemprego do último mês, está em 6%. Vejam o que está acontecendo na Europa, lá a taxa de desemprego entre os jovens é de mais de 40%. Não é a toa, é que aqui nós temos um governo que está cuidando disso”.

Sobre a inflação, Carvalho disse que a “presidenta Dilma zela como uma leoa, em defesa dos trabalhadores, para que a inflação não coma os nossos salários”.

Outro membro do governo federal, Manoel Dias, do Ministério do Trabalho, destacou que a CLT ainda é o principal marco regulatório das relações de trabalho no Brasil. “Assim como a CLT, outras conquistas foram fruto da unidade, do esforço e de lutas históricas dos trabalhadores”.

Mais Diálogo

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Miguel Torres, reclamou da falta de interlocução direta entre o movimento sindical e a presidenta Dilma. “Estamos incomodados com a falta de diálogo com o governo federal. Em dois anos de governo Dilma, tiveram 107 reuniões com empresários e apenas 11 reuniões com os trabalhadores”.

Quem representou o PCdoB no ato foi o deputado estadual Alcides Amazonas, que também reforçou que as pautas trabalhistas e o movimento sindical tenha as suas bandeiras de luta atendidas por parte do governo federal.

“A Dilma tem que continuar dialogando com os empresários progressistas, mas também precisa manter o diálogo com os trabalhadores. Nesses últimos dez anos nós tivemos conquistas importantes, mas é necessário avançar mais e pautar a redução da jornada de trabalho e o fim do fator previdenciário”, defendeu Amazonas.

Aumento do Piso Municipal

O prefeito Fernando Haddad também passou pelo palco das centrais e anunciou o aumento do piso para a categoria do servidor municipal.

“Nós demos o aumento hoje do piso de 79,8% para todo serviço público municipal de São Paulo. São com medidas como essa que a gente demonstra que o trabalhador, sobretudo o trabalhador que ganha menos, vai ser valorizado pelo poder público”.

De São Paulo,
Ana Flávia Marx