Gaza: Hamas rejeita concessão e denuncia violações de cessar-fogo

O partido Hamas, que governa a Faixa de Gaza, expressou preocupação pela possibilidade de um acordo com Israel levar a Autoridade Palestina e o mundo árabe a ainda mais concessões, em resposta à notícia de que a Liga Árabe (LA) aceitará o princípio de “trocas de terras” com Israel. Nesta quarta-feira (1o), o Hamas pediu ainda a intervenção do Egito contra as violações do cessar-fogo (mediado pelo governo egípcio) que pôs fim à operação militar contra a Faixa de Gaza, em novembro passado.

Clinton e Kamel Amr - The Guardian

Um porta-voz do movimento de resistência islâmica, Hamas, disse: “esperávamos que nossa delegação ministerial na LA pedisse a Washington para pressionar [Israel] pelo fim dos assentamentos em nossa terra ocupada”.

Na declaração, o Hamas afirma que “a longa experiência com o inimigo sionista nos ensinou que ele está sempre procurando por mais concessões em relação aos nossos direitos e às nossas posições nacionais; Israel não quer a paz. Está lutando para impor a submissão ao nosso povo e nação, e tentando comprar tempo” ao falar das negociações, para impor a manutenção da situação como está.

O Comitê Ministerial para a Iniciativa Árabe de Paz sublinhou que seu apoio às propostas do presidente dos EUA Barack Obama com relação a “uma troca limitada e acordada de terras” entre Israel e Palestina, já que muitos palestinos vivem tradicionalmente em territórios reconhecidos como israelenses, e que muitas colônias judias foram estabelecidas em terras palestinas.

Em 2002, o governo de Israel rejeitou a Iniciativa Árabe de Paz que previa a retirada israelense dos territórios ocupados a partir de 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Atualmente, ainda são essas as bases defendidas pelo consenso internacional para uma "solução de dois Estados" para o conflito.

Violações do cessar-fogo

O governo do Hamas na Faixa de Gaza renovou seu pedido ao Egito pela intervenção a seu favor, através das denúncias de violação das condições da trégua com Israel, que finalizou a operação militar israelense de oito dias, em novembro passado, contra a Faixa.

O acordo de cessar-fogo foi mediado, na altura, pelo governo do Egito, assim como quando em 2009 outra operação militar contra os civis de Gaza, que durou 22 dias, foi finalizada com uma trégua frágil.

Um porta-voz do Hamas, Ihab El-Ghusain referiu-se especificamente a um ataque de caças israelenses a alvos no oeste da Cidade de Gaza, nesta quarta-feira (1/5).

“Os israelenses, estão violando a trégua pelo ar, pela terra e pelo mar”, disse El-Ghusain. Ele ressaltou que as violações começaram com a agressão israelense contra pescadores na costa de Gaza e com a redução unilateral imposta à atividade de pesca, de seis para três milhas náuticas (enquanto nos Acordos de Oslo, o acordado foi de 20 milhas náuticas).

Incursões em Gaza por escavadeiras blindadas também têm sido denunciadas em diversas ocasiões, desde que o acordo de trégua foi assinado.

Um míssil israelense atingiu ainda um motociclista palestino, Haitham El-Meshal, de 29 anos, que acabou morrendo dos ferimentos, de acordo com informações de fontes locais.

Com Middle East Monitor