Israel e Palestina: China recebe governantes e oferece mediação

A China ofereceu-se como mediadora do conflito palestino-israelense ao receber neste domingo (5), em Pequim, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, que ficaria até esta terça-feira (7), e depois o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que chegou nesta segunda-feira (6) e ficará no país até o dia 10.

Xi Jinping e Mahmoud Abbas - Xinhua/Liu Weibing

É a primeira vez que os dois líderes visitam a China de forma quase simultânea, o que indica que o país asiático "desempenha um papel cada vez mais importante" nos assuntos do Oriente Médio, disse na sexta-feira um editorial do jornal governista Diário do Povo.

Abbas foi recebido na segunda-feira pelo recém eleito presidente Xi Jinping em um ato de boas-vindas no Grande Palácio do Povo (sede do Legislativo).

O líder palestino fica na capital do gigante asiático até terça-feira, um dia depois do desembarque do primeiro-ministro israelense. Na quarta-feira (8), Netanyahu vai se encontrar no mesmo palácio com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

"A China espera sinceramente que ambas as partes possam reiniciar as negociações de paz de forma adiantada e conseguir um progresso substancial", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, enfatizando que a segunda maior economia mundial "desempenhará um papel positivo e construtivo" neste tema.

A dupla visita inscreve-se dentro dos esforços de Pequim em "promover a paz e a estabilidade nessa região", destacou Hua, e ocorre uma semana após a viagem do enviado especial chinês ao Oriente Médio, Wu Sike, que visitou a Cisjordânia e Israel.

Segundo a agência oficial Xinhua, Wu declarou em Ramallah (Cisjordânia) que "a nova liderança chinesa quer impulsionar o processo de paz e retomar as conversas entre as duas partes para conseguir uma solução de dois Estados", e que "a China apoia a criação de um Estado palestino com as fronteiras de 1967 e Jerusalém Oriental como sua capital".

A oferta de mediação da China surge depois da recente viagem do secretário de Estado dos EUA John Kerry à região no mês passado, dias antes de iniciar uma jornada de visitas que incluiu uma passagem por Pequim. A visita de Kerry foi vista com desconfiança e como ineficaz por palestinos, e com indiferença por israelenses.

No final de março, o presidente dos EUA Barack Obama foi pela primeira vez à Cisjordânia, onde pediu a ambas as partes que "deixem de lado as exigências prévias ao diálogo", para que retomem o processo de paz, o que também foi interpretado pelos palestinos como declarações retóricas de um país que apoia a outra parte, Israel, incondicionalmente.

A passagem de Abbas e Netanyahu pela China é considerada uma prova de fogo para a diplomacia de "poder brando" que o novo governo chinês defende, assim como um termômetro acerca da influência de Pequim e Washington na conflituosa região.

Com Efe
da redação do Vermelho