Protestos lançam luz sobre crescente desigualdade na Suécia

Diversos protestos tomam conta de Estocolmo, capital da Suécia, desde o domingo (19). No subúrbio de Husby, área pobre onde vivem muitos imigrantes, é o principal local das manifestações, mas se espalharam pelos arredores da cidade ao longo desta semana. Os participantes reivindicam políticas sociais e emprego para os jovens, mais afetados pela crise.

Acredita-se que a onda de protestos tenha sido desencadeada pela morte de um homem, há cerca de uma semana, alvejado por policiais.

Os protestos levantam também a falta de políticas de integração no país, que atualmente tem 15% de sua população representada por imigrantes. A desigualdade social também é apontada pelos manifestantes. Muitos citam preocupação com o crescente abismo entre ricos e pobres na Suécia.

Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que, nos últimos 25 anos, entre os países desenvolvidos, a Suécia foi quem registrou o maior aumento de desigualdade.

A capital da Suécia, Estocolmo, receberá reforços em seu policiamento, depois de cinco dias de distúrbios sem precedentes registrados na periferia da cidade. Alguns moradores dizem que a polícia vem atuando de forma violenta, como no caso do homem morto a tiros.

Os protestos aumentaram o volume do debate sobre a imigração na Suécia, já que áreas como Husby, onde as manifestações começaram, têm até 80% de sua população formada por imigrantes de primeira ou segunda geração.

O maior fluxo de imigrantes vem de países que passaram por guerras, como Iraque, Somália, antiga Iugoslávia, Afeganistão e Síria.

Em 2012, a Suécia aceitou 44 mil pessoas pedindo asilo, um aumento de 50% em relação ao ano anterior.

Os distúrbios suecos têm semelhanças com os registrados em Londres, dois anos atrás, e em Paris, em 2005: em todos os casos, um incidente desencadeou ataques a propriedades, ainda que, ao contrário de Londres, Estocolmo não tenha registrado roubos. Mas a situação sueca tem uma particularidade. O país é conhecido por sua generosidade e hospitalidade, mas claramente algo não vai bem.

Com BBC Brasil