Vitoria síria em Qusseir quebra coluna vertebral dos mercenários

A vitória do Exército Árabe Sírio na região central de Qusseir representa um golpe fulminante aos grupos mercenários que tentam derrubar o governo, ao cortar uma das principais vias de abastecimento militar do exterior.

Por Luis Brizuela Brínguez, na agência Prensa Latina

Grupos opositores armados, sobretudo de tendência islâmica radical e da Frente Al-Nusra, filiada à rede terrorista Al-Qaida, tomaram a cidade e áreas próximas à fronteira com o Líbano há meses, enquanto governos ocidentais e regionais permaneciam calados.

Apesar de Damasco ter denunciado em várias ocasiões a fuga forçada de dezenas de milhares de cidadãos devido à violência dos chamados rebeldes, que usaram inclusive civis como escudo humano, parte da comunidade internacional fingia que não via o que estava acontecendo.

No entanto, quando a ofensiva e cerco a Qusseir começou há semanas, atores e meios de comunicação internacionais começaram a se preocupar e começaram a atacar as autoridades por supostos atos de genocídio e por impedir o acesso da Cruz Vermelha para resgatar os feridos.

O embaixador permanente da Síria perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, Faisal al-Hamwi, denunciou recentes manobras da ONU para colocar a culpa no governo mediante relatórios que catalogou de parciais, exagerados e manipulados com fins políticos.

Ao avaliar a importância da tomada de Qusseir, uma fonte do comando militar, que pediu anonimato, consultada na quarta-feira pela agência cubana de notícias Prensa Latina, argumentou que constitui um triunfo estratégico que permite às Forças Armadas estender seu pleno domínio sobre o centro do país e iniciar a libertação das regiões de Alepo, Idleb e Hama ao norte.

Explicou que ao golpear o considerado "pulmão dos opositores", eles ficaram sem o "oxigênio" de soldados e equipamentos militares que vinham do Líbano de maneira contínua e alimentavam seus ataques em todo o território nacional.

Essa região era o lugar controlado pelos mercenários mais próximo a um porto, neste caso o de Trípoli, de onde vinham muitas cargas com as quais eram abastecidos por atores internacionais, explicou.

Isso permite cortar a rota de abastecimento dos bandos armados que combatem ao redor da capital, e permitirá às tropas avançar em suas posições até liquidar o inimigo em um lapso ainda mais curto, destacou.

Sobre o assalto final a Qusseir, o informante disse que semanas atrás foi iniciada uma ofensiva contra os milhares de mercenários e terroristas que permaneciam ali, que começaram a se render de maneira massiva contra os contínuos ataques da artilharia que rodeava a cidade, composta por cerca de 30 baterias de mísseis Katyusha e mais de 250 tanques, entre outras armas.

A fonte indicou que em apenas uma jornada contaram ao redor de 800 deserções nas filas opositoras.

No dia 3 de junho, a inteligência interceptou uma comunicação do chefe dos mercenários da região, que se fazia chamar de Qaassem, e outro indivíduo no Líbano que falava árabe com muita dificuldade.

Através desse diálogo o exército ficou sabendo que os mercenários, em sua maioria pertencentes à Frente terrorista Al-Nusra, descreviam a situação como grave ao ter todas as vias de acesso bloqueadas e sem possibilidade de escapar, além de falta de alimentos, água, remédios e problemas de saúde, situação que os deixava desmoralizados.

Frente a isso, o general Ali Abdallah Ayoub, chefe do Estado Maior, deu a ordem de iniciar o ataque final com o nome de Operação Flautista de Hamelin, em alusão à famosa fábula do músico que liquidou uma praga de ratos em um povoado usando o toque de sua flauta.

Nas operações foram liquidados ao redor de 930 terroristas, capturados mais de 300 de diversas nacionalidades árabes e de outras regiões, além de 1.500 que ficaram feridos, agregou.

Como parte das ações para restaurar a segurança, as unidades do Exército passaram um pente fino em todos os bairros para confiscar armas e destruir as barricadas e trincheiras construídas pelos bandos armados.

O exército confiscou grandes quantidades de mísseis, explosivos C-4, granadas, metralhadoras, canhões de morteiro, munições, mapas, computadores e outros equipamentos, e equipes de engenheiros neutralizaram dezenas de explosivos colocados em residências e vias públicas, informou a televisão local.

O triunfo em Qusseir motivou a comemoração em amplos setores do povo sírio que mantêm seu apoio ao presidente Bashar al-Assad, enquanto o premiê Wael Al-Halaki considerou a vitória um ponto de inflexão estratégico que abre as portas a novas vitórias e aponta a derrota das força mercenárias.

Neste sentido, uma fonte diplomática opinou ao dialogar com a Prensa Latina que os governos ocidentais e regionais que patrocinaram os mercenários durante dois anos estão ficando sem opções para conseguir a tão desejada derrubada do governo do presidente Bashar al-Assad.

"Teremos que ver se aqueles que investiram fortunas para manter uma maquinaria militar contra Damasco estão dispostos a assumir sua derrota ou continuarão tentando balcanizar o país, islamizá-lo, continuarão apostando na polarização do Oriente Médio para repartir entre eles as enormes reservas de gás que aqui subjazem", argumentou.

"Muito próximo da conferência internacional de diálogo em Genebra, anunciada agora para julho, permanece a questão: será por fim elaborado um acordo político ou, antes, o Ocidente decidirá lançar uma invasão militar?", analisou.

Fonte: Prensa Latina