Áustria anuncia retirada de tropas de missão da ONU no Golã sírio

A Áustria anunciou que vai retirar suas tropas das Colinas do Golã, onde compõe a Força da ONU para Observação do Desengajamento, na região desde 1974 para monitorar o cessar-fogo entre Israel e a Síria. O anúncio ressalta a divisão dentro da União Europeia (UE) sobre o conflito, indicou Bouthaina Shaaban, a assessora política do presidente sírio Bashar Al-Assad, em uma entrevista concedida nesta segunda-feira (10) à televisão libanesa Al-Mayadin.

Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho

Missão da ONU no Golã - Foreign Policy

“Na Europa [os membros da UE] têm diferentes pontos de vista sobre como solucionar a crise na Síria, assim como outros assuntos da região. A saída dos militares da Áustria mostrou as discórdias existentes entre as autoridades europeias”, destacou Shaaban, segundo uma matéria da agência HispanTV.

Nesta quinta (6) o chanceler austríaco Michael Spindelegger anunciou que o Governo decidiu retirar as suas tropas, que formavam parte da Força da ONU, estabelecida pelo Conselho de Segurança através da resolução 354, de 1974, a partir do Acordo de Desengajamento das Forças Israelenses e Sírias, que também criou uma área de separação e duas zonas iguais de forças e armamentos limitados dos dois lados.

Entretanto, Israel não cumpriu a sua parte do acordo e manteve ocupado o território sírio desde a Guerra dos Seis Dias, de 1967, que também travou com outros países da região. No caso do Egito, o conflito do Canal de Suez e do Sinai, de 1973, fez com que as forças da ONU também servissem para vigiar o cessar-fogo na Península do Sinai.

A ambiguidade mencionada por Shaaban é ressaltada pelo recente anúncio da UE sobre a suspensão do embargo do abastecimento de armas aos grupos que atuam na Síria, reafirmando uma ingerência criminosa no conflito que já dura dois anos, com o apoio financeiro e bélico do Ocidente e de países da região.

O governo austríaco manifestou a sua preocupação pelo perigo que seus soldados correm na região, já que suas tropas estavam encarregadas de vigiar o cessar-fogo nos Golãs, e o mandato das forças da ONU não vai além disso. A preocupação com a iminência de um confronto entre a Síria e Israel fica evidente também pelos recentes ataques israelenses contra território sírio.

De acordo com a revista estadunidense Foreign Policy, o Conselho de Segurança debateu nesta sexta (7) para impedir o colapso da missão, presente na região por quase 40 anos. O CS reuniu-se para uma sessão extraordinária, e o embaixador britânico para a ONU, Mark Lyall Grant, que atua como o presidente do Conselho neste mês de junho, disse à imprensa que as Nações Unidas apelaram à Áustria para que adie a retirada das suas tropas, possibilitando que sejam substituídas.

Shaaban disse que o povo sírio respalda uma iniciativa de abertura da frente nos Golã contra o regime israelense para defender o território da Síria. No passado 30 de maio, o presidente Assad disse que “há muitos fatores para abrir a frente [do Golã], incluindo as repetidas agressões israelenses”, e matizou logo que o entusiasmo por abrir a frente se registra "inclusive no mundo árabe".

Com informações da HispanTV