Vitória em Qusair: Ocidente pressiona Líbano a realizar eleições
Enquanto vários partidos políticos libaneses esperam pela decisão do Conselho Constitucional sobre a extensão de 17 meses para as eleições parlamentares, embaixadores ocidentais estão pressionando pela realização das eleições o mais breve possível, num esforço por punir o partido de resistência islâmica Hezbolá pelo seu apoio direto ao governo da Síria.
Publicado 19/06/2013 12:22
Nove dias antes do fim do mandato parlamentar, ninguém está certo sobre o caminho da decisão do Conselho Constitucional: aceitará os dois apelos do presidente Michel Suleiman e do Movimento Patriótico para a Libertação [o maior partido cristão], de Michel Aoun, contra a extensão parlamentar ou permitir a renovação para os parlamentares por mais um ano e meio?
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Enquanto membros do Conselho insistem em que a decisão será estritamente baseada na Constituição, não há dúvidas de que considerações políticas e até sectárias estarão na mesa. No fim das contas, o Conselho, formado por 10 membros, votará de acordo com as suas inclinações políticas.
Há várias indicações, entretanto, que sugerem que uma terceira parte quer ter peso na questão, dadas as repercussões políticas e legais:
1) Fontes internas sugerem que vários embaixadores ocidentais (incluindo os de alguns países que são membros do Conselho de Segurança da ONU) estão pressionando tanto o Conselho Constitucional como os partidos políticos que têm influência sobre ele para rejeitar a extensão parlamentar. Eles querem ver as eleições realizadas o mais breve possível.
2) Esses embaixadores, juntamente com representantes dos níveis mais altos dos mesmos países ocidentais, não pouparam esforços para lembrar todos os oficiais libaneses que encontram que as eleições devem ser realizadas em tempo. Entretanto, ficaram frustrados ao perceber que suas causas foram virtualmente ignoradas pela maior parte dos políticos libaneses.
3) Em discussões privadas, esses diplomatas ocidentais têm expressado a sua firme crença na suposição de que as eleições ajudariam a melhorar a estabilidade interna do país e permitiriam ao Líbano sair da atual crise política.
Eles calculam que as eleições provavelmente produzirão uma maioria para o 14 de Março [coalizão contrária à influência da Síria], que tomaria uma linha muito mais dura contra a intervenção do Hezbolá na Síria do que o atual governo de Najib Mikati.
4) Oficiais ocidentais acreditam que os ganhos da eleição esperada do 14 de Março enviarão uma mensagem clara ao Hezbolá, de que o público libanês não aprova a sua “aventura militar” na Síria [onde o movimento apoia as forças oficiais do presidente Bashar Al-Assad], o que à sua vez tornaria a “vitória do partido” em Al-Qusair parecer vazia.
5) Fontes diplomáticas estavam alarmadas pela notícia de que o primeiro rascunho da proposta para a extensão parlamentar sugeria a renovação por dois anos. A lógica por trás disso, de acordo com aqueles que apoiaram a extensão, é que, em dois anos, o mandato do presidente da Síria, Bashar Al-Assad, terá terminado, e todos teriam uma ideia clara sobre a direção da crise.
Fonte: Al-Akhbar
Tradução: Moara Crivelente, da redação do Vermelho