Argentina quer retomar diálogo sobre Malvinas imediatamente

O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, afirmou nesta quinta-feira (20) que seu país está disposto a retomar “hoje mesmo” os diálogos com o Reino Unido sobre as ilhas Malvinas, que considera parte indivisível do território argentino. A declaração foi feita diante do Comitê de Descolonização da ONU.

Timerman insistiu que “o Reino Unido não tem nenhuma desculpa para não continuar o diálogo” e lamentou que o embaixador do país europeu, William Hague, não estivesse presente. "O embaixador britânico se destaca por sua ausência nesta sala como desprezo a este comitê, mas queria deixar claro a esse ausente delegado britânico minha disposição de retomar o diálogo hoje mesmo", afirmou.

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Ele também criticou a posição do político do Reino Unido de estar “sempre tão disposto a acudir à ONU para exigir respaldo a políticas intervencionistas”, ao mesmo tempo que não tem “a mesma disposição para comparecer a este Comitê que busca o fim do colonialismo”.

O chanceler argentino lembrou que “há quase meio século a ONU define a questão das Malvinas como uma violação à integridade territorial” de seu país e denunciou que, ao não se apresentar para as negociações o governo britânico tenta "encobrir uma presença militar desproporcional no Atlântico Sul".

Segundo o político argentino, Londres ocupa as Malvinas “por causa de seu valor estratégico e para a desapropriação ilegítima de seus recursos naturais”.

Apesar dos obstáculos às conversas, Timerman ressaltou que a Argentina “não está sozinha em sua reclamação”, destacando o apoio que o país recebe principalmente da América Latina, da África e da Ásia.

Timerman também acusou Londres de não colaborar com as negociações do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e indicou que "seu silêncio e ausência" evidenciam que não acata as resoluções da organização internacional, "se escudando em uma alegada vontade da população que o Reino Unido implantou em território argentino".

O ministro de Cristina Kirchner finalizou dizendo que "a Argentina reitera seu solene compromisso de resolver o conflito através do diálogo e pede ao Reino Unido para assumir a responsabilidade de suas ações e de seu silêncio". Ele acrescentou que acredita que seus apelos serão escutados e “algum dia as Malvinas deixarão de ser um território colonial”.

Recentemente, em sessão da OEA (Organização dos Estados Americanos), o Reino Unido ratificou seu respeito à determinação do organismo internacional para que se inicie o diálogo com a Argentina sobre a soberania das ilhas Malvinas, mas acrescentou que não negociará enquanto a população do arquipélago não apresentar uma solicitação formal.

O Comitê de Descolonização aprovou por consenso uma resolução patrocinada por Bolívia, Chile, Equador, Nicarágua e Venezuela, reiterando que a maneira de encerrar a questão das Malvinas é através de uma solução "pacífica e negociada" entre os governos de Argentina e Reino Unido.

A organização da ONU também lamentou que, apesar de todo o respaldo internacional a uma negociação entre os dois países para que sejam discutidos "todos os aspectos" sobre o futuro das ilhas, "ainda não foram aplicadas as resoluções da Assembleia Geral" sobre a questão.