Novo diálogo sugere avanço para fim de crise na península coreana

Vários indícios sugerem hoje a possibilidade de um avanço no caminho para a solução das divergências entre as duas partes da península coreana, depois de diversas propostas da Coreia Popular encaminhadas a esse fim, segundo especialistas em Pequim.

Os convites de primeiro celebrar um encontro com a Coreia do Sul para a retomada das operações no complexo industrial de Kaesong, o único projeto conjunto, e depois a proposta de realizar intercâmbios de alto nível com os Estados Unidos dão uma nova face à situação.

Ainda que a prevista reunião entre ministros do norte e sul da Coreia tenha fracassado quando Seul decidiu rebaixar o nível de sua representação a esses contatos, ação que a RPDC considerou falta de respeito, ao menos representantes das duas partes realizaram um encontro prévio em Panmunjon.

Devido a mudança da aceitação por parte de Seul, a RPDC retomou a linha de contato com a Coreia do Sul em Panmunjon, que estava suspensa em represália às quase permanentes manobras militares entre forças coreanas do sul e dos Estados Unidos com o uso de modernos meios portadores de bombas nucleares.

Outros aspectos que frustraram esse encontro parecem estar relacionados com o conteúdo da agenda, que incluía a sugestão da RPDC de realizar atos comuns pelos aniversários das duas Declarações Conjuntas, assinadas em 15 de junho de 2000 e 4 de julho de 1972.

Ao que parece esse não é um tema que interessa a Seul, que por sua vez fez questão de abordar numerosos assuntos humanitários, o qual tinha sido aceito por Pyongyang.

As disputas retóricas, réplicas e contrarréplicas entre a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) e Coreia do Sul provocaram a pior crise vista em anos recentes, e os temores na região de um eventual confronto bélico.

A China, que tem chamado às duas partes à calma e sensatez, advertiu que não permitiria uma guerra às suas portas e prosseguiu convocando ambas as partes à paz e ao reinício das negociações multilaterais (China, Rússia, Estados Unidos, Japão, RPDC e Coreia do Sul) para a desnuclearização da península e manter a paz e estabilidade nessa região.

Sobre o tema, a porta-voz da chancelaria chinesa Hua Chunying comentou na sexta-feira (21), em Pequim, a necessidade de retomar esses encontros, depois que o primeiro vice-chanceler da RPDC, Kim Kye Gwan, afirmou na capital chinesa que seu país está pronto para qualquer tipo de conversas, inclusive as multilaterais com as outra cinco partes.

Na opinião da porta-voz, os atuais sinais de distensão na península coreana não têm chegado com facilidade e as partes envolvidas devem continuar seus contatos e diálogos, ampliar a confiança mútua e melhorar as relações para solucionar os problemas pendentes.

Nesse sentido, Hua reiterou que a China está disposta a trabalhar com todos os integrantes do grupo para retomar as conversas – suspensas desde 2008 – "e implementar o espírito da Declaração Conjunta de 19 de setembro de forma integral e balançada".

Na sexta, o ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, recebeu Kim, com quem conversou a respeito da atual situação na península coreana e o reinício das conversas multilaterais, em um diálogo qualificado de "benéfico e construtivo" em uma nota de imprensa.

A crise na península desdobrou-se no final de 2012, com o lançamento pela RPDC de um satélite a bordo de um foguete de fabricação nacional e a realização em fevereiro passado do terceiro teste nuclear dessa nação, contrariando resoluções propostas pelos países ocidentais e adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU.

As sanções do organismo mundial contra Pyongyang e os quase permanentes ensaios militares entre os Estados Unidos e seu satélite, a Coreia do Sul, foram interpretados pela RPDC como um teste para uma provável agressão nuclear contra o país, e ocasionaram mais represálias da Coreia Popular.

Entre elas está a suspensão dos trabalhos no complexo industrial de Kaesong, a retirada de sua representação de Panmunjon e a eliminação da única linha telefônica de contato entre as duas partes da península.

Fonte: Agência Prensa Latina