Hora certa para mudar o transporte

Por Alcides Amazonas, deputado estadual (PCdoB)*

As manifestações que levaram à redução das passagens mostraram a força da mobilização popular e da nossa democracia. Para isso, não foi preciso apelar, por exemplo, para o fim dos cobradores de ônibus, hipótese noticiada por setores da imprensa.

Também neste caso, ficou evidente a importância da mobilização: os trabalhadores me procuraram para mediar conversas com a prefeitura. Juntos, conseguimos de Fernando Haddad uma nota pública reafirmando a validade da lei 13.207/01, de minha autoria, que garante o emprego de mais de 20 mil pais e mães de família. Setores interessados no fim da função aproveitaram o momento para tentar emplacar uma falsa solução e foram derrotados.

Nenhuma saída pontual será capaz de resolver os problemas relacionados ao transporte. Em médio prazo, defendo que seja criada uma empresa pública operadora do transporte. No curto prazo, cortar investimentos para subsidiar as passagens não é o ideal. É preciso diminuir o lucro dos empresários e rever a planilha de custo que determina o valor das passagens neste momento em que uma nova licitação será lançada.

Também é essencial haver maior parceria entre os governos municipal, estadual e federal e ampliar as desonerações sobre o setor. Assim, teríamos mais recursos para a ampliação dos corredores e faixas exclusivas, a aquisição de mais ônibus, a expansão de linhas de metrô e trens da CPTM, o barateamento das tarifas e a melhoria das condições de trabalho e salário para os funcionários do transporte.

O povo foi às ruas para dizer que não quer mais andar em veículos lotados, ficar parado horas no trânsito ou enfrentar as constantes panes que param as linhas de trem e metrô. Esta é a hora do poder público dar as respostas que a sociedade pede investindo na construção de um transporte público eficiente, confortável, rápido e mais barato.

*Artigo originalmente publicado no jornal Diário de S.Paulo de 26 de junho de 2013