Rafael Correa: Snowden revelou a maior espionagem da humanidade
Para o presidente equatoriano Rafael Correa, sobre o ex-funcionário da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), Edward Snowden, que revelou informações sobre um programa de espionagem, o verdadeiro problema é a denúncia do talvez maior caso de espionagem da história da humanidade, informou o diário oficial El Ciudadano, nesta segunda (1º/7). Julian Assange, também perseguido pelas revelações de “segredos diplomáticos” através do WikiLeaks, disse que Snowden poderá fazer mais revelações.
Publicado 01/07/2013 09:44
“Isso é o grave, como se atentou contra os direitos da intimidade, liberdades civis e direitos humanos”, disse Correa na cidade de Portoviejo, onde mencionou que não se está aprofundando sobre a informação que Snowden revelou.
O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, declarou que é momento de a União de Nações Sul-americanas (Unasul) analisar profundamente as denúncias de Snowden sobre o programa usado para a espionagem das comunicações, o Prism, e pedir explicações aos Estados Unidos.
Patiño perguntou, retoricamente: “Será que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) ficou sabendo do programa massivo de espionagem a nível mundial? Já expressaram a sua ‘preocupação’ e pediram explicações?”
A petição de asilo feita por Snowden, esclareceu Correa, se trata de um problema técnico-jurídico, pois Snowden deve encontrar-se em território equatoriano para que seu trâmite possa caminhar, e essa solicitação deve ser analisada com base nos argumentos tanto do solicitante quanto nos dos Estados Unidos.
"Seu caso seria analisado", disse o presidente, após sublinhar que o Equador não está buscando esta situação, já que não elude responsabilidades nem busca protagonismo neste caso, em que está envolvido todo o planeta.
Sobre a renúncia unilateral equatoriana às Preferências Comerciais Andinas dos Estados Unidos aos países que combatem o tráfico de drogas (ATPDEA), Correa reiterou que “o Equador não suportará chantagens nem pressões de ninguém”.
O presidente chamou de “insolentes” as declarações do parlamentar estadunidense Robert Menéndez, que tornou pública a sua intenção de “sancionar” o Equador, mediante este mecanismo, se o governo decidir dar asilo ao ex-funcionário da CIA.
Corra explicou também que o cônsul equatoriano, em Londres, emitiu um salvo-conduto que nunca foi ordenado nem autorizado pelo governo do Equador, a favor de Snowden, motivo pelo qual receberá as sanções respectivas após a análise do caso.
Assange e Snowden
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange defende que o governo estadunidense não poderá impedir novas revelações de Snowden, que Assange chamou de “herói”, já que fez com que todo o mundo soubesse da verdade, criticando o Departamento de Estado por ter cancelado o passaporte de Snowden.
“Washington tomou muito cuidado para pressionar os diferentes países, para que extraditem o jovem norte-americano, mas ninguém pode impedir que esse processo [de revelações] prossiga o seu curso […]. O governo estadunidense, ao cancelar o passaporte [de Snowden], deixou-o em um vácuo legal e abandonado à sorte, na Rússia. Este é o grande Departamento de Estado”, disse Assange neste domingo (30/6), em entrevista ao programa This Week with George Stephanopoulos, na emissora ABC News.
Assange também disse acreditar que não se pode esperar muita parcialidade da justiça estadunidense, porque em distritos especiais, como Alexandria e Virgínia, existem tribunais e jurados compostos completamente por funcionários da CIA e do Pentágono.
Há um ano, Assange permanece abrigado na embaixada do Equador em Londres, para evitar a sua extradição para a Suécia, onde se alega que Assange cometeu crimes sexuais que ele nega.
O australiano teme que a Suécia seja apenas uma escala antes de ser entregue aos EUA, onde poderia ser condenado à pena de morte ou cadeia perpétua pela difusão de 250 mil transmissões diplomáticas secretas através do WikiLeaks, nos que foram revelados segredos e documentos oficiais das guerras do Iraque e Afeganistão, ambas lideradas pelos EUA.
Com agências,
da redação do Vermelho