Evo volta à Bolívia após horas de espera: "Queriam me intimidar"
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, cobrou explicações dos governos que proibiram o ingresso do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, nos seus espaços aéreos, nesta terça-feira (2). Em comunicado, Insulza se disse “profundamente incomodado” e ressaltou que “nada justifica uma ação de tanto desrespeito”. Morales já anunciou o seu retorno à Bolívia nesta quarta (3), depois de quase 14 horas de espera.
Publicado 03/07/2013 09:35
Ao retornar da Rússia, Morales recebeu a ordem de que seu avião não poderia ingressar nos espaços aéreos da França, da Itália e de Portugal, segundo autoridades bolivianas, por suspeitas de que o ex-agente estadunidense Edward Snowden estivesse a bordo. Morales foi obrigado a desviar a rota e a aguardar autorização para seguir viagem em Viena, na Áustria.
Os presidentes Ollanta Humala (Peru), Cristina Kirchner (Argentina), José Pepe Mujica (Uruguai) e Rafael Correa (Equador) prestaram solidariedade a Morales. Os líderes avaliam a hipótese de convocar uma reunião extraordinária da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para avaliar o tema.
Para o presidente peruano, a Unasul, que reúne 12 países da região, inclusive o Brasil, deve manifestar repúdio ao ato contra Morales.
O presidente boliviano contou que o embaixador espanhol em Viena, Alberto Carnero, esteve no aeroporto e pediu que ele tomasse o café da manhã dentro do avião. “Para ver o avião e, no fundo, querer controlá-lo. Não sou nenhum criminoso para que me controlem o avião", ressaltou, no aeroporto de Viena, onde reuniu-se com o presidente da Áustria, Heinz Fischer.
Nos Estados Unidos, Snowden é acusado de espionagem e está na Rússia à espera da concessão de asilo político, já que revelou um programa estadunidense de espionagem das telecomunicações. Snowden pediu asilo a 21 países, inclusive ao Brasil.
“Sinto que foi um pretexto para amedrontar-me, intimidar-me”, disse Morales, “para tratarem de nos calar contra a luta das políticas de saqueio, contra as invasões e a dominação”, completou, em uma coletiva de imprensa, antes de embarcar para a Bolívia na manhã desta quarta-feira (3).
O presidente disse ter se sentido como um “sequestrado”, e afirmou que não permitiu que o embaixador espanhol subisse no avião presidencial: “O presidente tem imunidade inviolável, tem seu direito a transitar por qualquer parte do mundo. Eu rechacei por dignidade, tenho a obrigação de defender a dignidade, a soberania, porque isso não é uma ofensa ao presidente, é a todo um povo, é a toda uma região, como a América Latina”.
Com agências,
da redação do Vermelho