Espionagem americana se espalhou pela América Latina

De acordo com informações publicadas na imprensa, nesta terça-feira (9), além do Brasil, os Estados Unidos têm programas de espionagem e rastreamento funcionando em vários outros países da América Latina. Documentos sigilosos da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) mostram que situações similares ocorrem no México, Venezuela, Argentina, Colômbia e Equador, entre outros.

Um dos aspectos que se destaca na informações (publicadas pelo jornal O Globo) que constam nos documentos é que, de acordo com eles, os Estados Unidos parecem não estar interessados apenas em assuntos militares, mas também em segredos comerciais – "petróleo" na Venezuela e "energia" no México, segundo uma listagem produzida pela NSA no primeiro semestre deste ano.

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De janeiro a março passado, de acordo com os documentos, agentes da NSA realizaram ações de espionagem na América Latina usando ao menos dois programas: "Prism" (no período de 2 a 8 de fevereiro) e "Boundless Informant" (de janeiro a março).

O "Prism" possibilita acesso a e-mails, conversas online e chamadas de voz de clientes de empresas como Facebook, Google, Microsoft e YouTube. Através dele, a NSA levantou dados sobre petróleo, energia e narcóticos do México. Esse programa, no entanto, não permite o acesso a todo o universo de comunicações. Grandes volumes de tráfego de telefonemas e de dados na internet ocorrem fora do alcance da NSA e seus parceiros no uso do Prism.

Para ampliar seu raio de ação, a agência desenvolveu outros programas com parceiros corporativos capazes de lhe abrir acesso às comunicações internacionais. É o caso do "Boundless Informant", para catalogação de telefonemas e acessos à internet.

Alvo pioritário

A Colômbia foi o segundo alvo prioritário na América Latina nos últimos cinco anos – logo depois do Brasil e do México – na atividade de espionagem da Agência de Segurança Nacional. Informações de documentos da agência mostram uma coleta de informações na Colômbia em fluxo expressivo e constante, embora variável, no período entre 2008 e o primeiro trimestre deste ano, até março passado.

A importância das operações na Colômbia é destacada em mapas da agência. Em parte, pode ser justificada pela intensa cooperação entre os governos de Washington e Bogotá na ofensiva contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP). Mas, além dos aspectos militares, há também econômicos – como petróleo.

A Colômbia mantém uma aliança militar com os EUA sem paralelo nos demais países da América do Sul. Isso a torna área privilegiada para as agências americanas, como a NSA, na rotina de coleta de informações ao Norte e ao Oeste da América do Sul.

Os documentos da NSA não contêm números específicos, mas a escala de cores usada na elaboração dos mapas da agência permite a conclusão de que, nos meses de março deste ano e do ano passado, a Colômbia era considerada um alvo de espionagem tão relevante quanto o Brasil e o México.

Chávez foi monitorado 

Também foram espionados, de forma constante mas em menor intensidade, Venezuela, Argentina, Equador, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Paraguai, Chile, Peru e El Salvador.

Colômbia, Equador e Venezuela também foram monitorados, em 2008, pelo programa X-Keyscore, capaz de rastrear e identificar a presença de um estrangeiro em um país através do idioma usado por ele em e-mails.

Em março do ano passado, a Colômbia e a Venezuela voltaram a figurar com destaque entre os alvos da espionagem, conforme documentos na NSA. Os agentes trabalharam com o software, conhecido como "Fairview". O volume de dados coletados, aparentemente, foi menor que o filtrado do Brasil no mesmo período, segundo os mapas da NSA sobre o período.

Em março deste ano, a Colômbia se tornou prioritária para a NSA tanto quanto o Brasil. Foi quando morreu Hugo Chávez.

Com informações do jornal O Globo