PCdoB-SP quer mobilizar 20 mil no processo de Congresso

Os comunistas de São Paulo debateram os 10 anos de governos Lula e Dilma, as manifestações de junho e o processo de Congresso do Partido. Estabeleceram metas de realização de ao menos 160 Conferências Municipais e quinhentas assembléias de base.

Renato Rabelo

O Comitê Estadual do PCdoB esteve reunidos neste sábado para debater a conjuntura política e as diretrizes do 13 Congresso Nacional do Partido, que acontecerá em novembro, aqui na cidade de São Paulo.

A análise do momento político e a exposição das teses que norteiam o debate congressual foram apresentadas pelo presidente nacional, Renato Rabelo. O Congresso terá três grandes eixos de debate: 1) uma análise circunstanciada dos 10 anos de governos democráticos e populares de Lula e Dilma; 2) a construção partidária neste período, sua atualidade e o caráter revolucionário do Partido; 3) a atualização das perspectivas políticas com o desafio de uma nova arrancada para a construção do projeto nacional de desenvolvimento.

Renato Rabelo apontou que a primeira grande marca do início do ciclo aberto por Lula foi a efetivação de medidas emergenciais de combate à pobreza e a fome no país, que acabaram por desaguar no Bolsa Família, um dos maiores programas sociais do mundo. “Só alguém com a trajetória e a sensibilidade de Lula poderia entender a urgência da fome. Quem tem fome não pode esperar”, lembrou.

Outras características desta década foram a ampliação da democracia através da abertura do Palácio do Planalto para entidades e movimentos sociais apresentarem duas demandas, e o fortalecimento da soberania nacional, impulso à integração regional e às parcerias estratégicas, como no caso dos BRICS, ampliando a influência do país no contexto mundial.

Manifestações de Junho colocaram as reformas na ordem do dia

O presidente nacional também lembrou que as grandes reformas democráticas, previstas no Programa Socialista do PCdoB desde 2009, foram colocadas na ordem do dia pelas manifestações de junho. “Uma questão premente é o problema da reforma urbana, pois as grandes cidades tornaram-se inóspitas”, exemplificou.

Rabelo considera que as tais reformas democráticas são urgentes no Brasil de hoje, mas só terão condições de prosperar com impulso das forças mais progressistas. “Para fazer tais reformas é necessário construir um bloco de afinidades de esquerda, que reúna partidos, centrais sindicais e movimentos populares”.

Neste sentido, um primeiro embrião se forma a partir do fórum de partidos que busca convocar o plebiscito para a reforma política através de decreto legislativo. PT, PCdoB e PDT já encampam a iniciativa, mas precisam ampliar a adesão, pois juntas as siglas têm pouco mais de 130 deputados.

Rabelo afirmou que este fórum de partidos tem se reunido e encaminhado as ações sempre por consenso. Como forma de ampliar a iniciativa, já foram procuradas pelos partidos as entidades que historicamente se posicionam em momentos políticos relevantes do país, tais como a OAB, a CNBB, a UNE e as centrais sindicais.

PCdoB fortalece Dilma e os cinco pactos propostos pela presidenta

Ainda sobre as manifestações de junho, Rabelo demonstrou que historicamente “os grandes movimentos de massas não surgem de forma planificada, planejada” e precisam de um detonador para eclodir. No recente caso brasileiro, que mobilizou principalmente as camadas médias, esse catalisador foi a brutal repressão policial aos atos da juventude pelo passe-livre, em São Paulo. Depois disso, a grande mídia passa a fazer a disputa sobre o sentido político das mobilizações, buscando canalizá-las contra a presidenta Dilma.

Em tempos de turbulência política no país, o dirigente comunista foi assertivo sobre o papel do PCdoB. “A mídia e a oposição conservadora querem criar uma crise de governo. A grande luta política de hoje, na compreensão do PCdoB, é a defesa da presidenta Dilma, a luta pelas reformas democráticas e o desmascaramento da oposição, que busca criar uma crise de governo”.

2014: projeto eleitoral ousado

Orlando Silva, presidente estadual do Partido, fez considerações acerca do quadro político no estado e os desafios do PCdoB para 2014. Segundo Orlando, a mesma diretriz nacional para fortalecer Dilma pode ser colocada para a cidade de São Paulo, cerrando fileiras em torno do prefeito Fernando Haddad, liderança emergente do campo progressista.

O quadro sucessório no estado, na avaliação apresentada, continua em aberto, uma vez que o governador é figura política forte e ativa e as oposições ainda não definiram seus candidatos. Orlando apresentou como fatos positivos para o campo oposicionista a dissidência organizada por Kassab e seu PSD, que agora se agrava com a nomeação do vice-governador Affif para o ministério de Dilma, além da possível candidatura de Paulo Skaf, pelo PMDB, que ganhou pontos nas últimas pesquisas de opinião.

Dentre as tarefas do PCdoB paulista estão a ampliação das bancadas na Assembléia Legislativa e, destacadamente, a luta pela eleição de ao menos três deputados federais – já que o centro da tática eleitoral nacional do Partido será alcançar ao menos 20 deputados federais em 2014. Em 2010, os comunistas elegeram dois federais e dois estaduais.

Para obter sucesso nesta empreitada, o principal desafio do momento é trazer novas lideranças políticas e com força eleitoral própria para a chapa de deputados estaduais do PCdoB.

Mobilizar 20 mil comunistas em SP

Lançadas as teses do 13 Congresso Nacional do Partido, o principal desafio neste segundo semestre será o de mobilizar as bases, filiar e recadastrar militantes e organizá-los. O PCdoB-SP pretende fazer um movimento amplo, expansivo de filiação, mas que também se atente a alicerçar a organização partidária, através de assembléias de base e plenárias de filiados.

Neste sentido, a meta de mobilização no processo de Congresso para os comunistas de São Paulo é ultrapassar 20 mil envolvidos, realizar ao menos 160 Conferências Municipais, priorizando as cidades maiores e mais importantes do estado, e promover mais de quinhentas assembléias de base e reuniões de filiados.

De São Paulo, Fernando Borgonovi