Mineiros colombianos entram em greve por todo o país 

Milhares de mineiros na Colômbia iniciarão nesta quarta-feira (17) uma greve por tempo indeterminado, que ameaça se estender para18 departamentos, entre estes o Chocou, Vale do Cauca, Huila, Caldas, Quindío e Antioquia, com fechamento parcial de vias.

"Nosso objetivo é protestar contra o tratamento que nos está dando o governo e as leis que fomentam uma política de extermínio da minaria tradicional para seguir entregando títulos às multinacionais", afirmou o presidente da Associação de Mineiros de Marmato (Caldas), Mario Tangarife.

Impulsados pela situação de abandono em que estão imersos, os mineiros alegam que as autoridades se fazem de surdas para suas demandas, e se viram forçados a recorrer a medidas radicais, as chamadas vias de fato, para serem ouvidos. 

"Não temos nenhuma opção de como nos formalizar, queremos que nos escutem e nos ofereçam soluções, garantias e conhecimentos para seguir exercendo o oficio que alimenta a nossas famílias", argumentou Tangarife.

Por sua vez, a diretora da Confederação Nacional dos Mineiros, Luz Stella Ramírez, informou que os que exercem o oficio artesanalmente representam dois milhões de famílias cujo sustento é precário ou quase inexistentes.

Entre as demandas deste setor figuram a anulação do decreto de 2012, que autoriza à polícia a confiscar ou destruir a maquinaria que utilizam. Além disso, os mineiros tradicionais devem reunir uma série de requisitos, que não podem cumprir, para se formalizar como extratores de ouro, carvão ou "material de arraste" (areia e cascalho).

A situação é candente no país, com focos de insurgência social como a dos camponeses de Catatumbo que iniciaram pela via pacífica seus reclamos de uma zona de reserva, substituição gradual de cultivos ilícitos e melhores condições de vida, a partir de uma solução negociada.

Desde os primeiros dias eles têm sido reprimidos com dureza pela força pública, com um saldo de quatro mortos e numerosos feridos.

A partir de novembro de 2012, o governo colombiano vem enfrentando sucessivos protestos como o do sistema judicial, em prol de uma equiparação salarial, aprovada pelo Congresso e postergada durante anos.

Posteriormente, a princípios de ano, se estalou a greve dos cafeicultores, que paralisou a produção do grão no país e pôs em cheque ao governo, além de registrar perdas milionárias.

Cafeicultores que estão a ponto de levantarem-se outra vez em greve ante os não-cumprimentos dos acordos subscritos com o governo em março passado para pôr fim à crise.

Às demandas dos mineiros, se somarão progressivamente as de outros setores da agricultura, entre estes os produtores de batata, cebola, algodão, arroz, leite, milho e cacau, mais os transportadores de carga pelas estradas, que engrossarão a paralisação nacional convocada para 19 de agosto.

Crise no Catatumbo 

O governo de Juan Manuel Santos tem ante si um panorama complexo, afetado pela perda da credibilidade ante os compromissos assinados, a crescente insurgência social e a perda de confiança nos negociadores. Como eixo principal, o impacto negativo do TLC sobre a produção agrícola.

Os gravíssimos protestos no Catatumbo, afirma o analista Felipe Zuleta, põem de manifesto que este país é um estopim, e que os cidadãos comuns devem ir aos protestos violentos para que o governo os escute. Felipe Zuleta afirma que o Estado, converteu-se no pior inimigo dos cidadãos, um inimigo de mil cabeças, inalcançável e abusivo.

Fonte: Prensa Latina