Greve dos camponeses colombianos dura mais de 40 dias 

A paralisação dos camponeses colombianos do Catatumbo entra nesta segunda-feira (22) em sua sétima semana, em meio a uma iminente desocupação pela força pública, sem a previsão da possibilidade de retomar os diálogos com o governo.

As reivindicações dos agricultores, que protestam por um abandono estatal de quase 70 anos, seguem sem ser escutadas pelas autoridades, que fazem questão de desbloquear as vias e estradas como condição para uma possível mesa de negociação.

Leia também:
Sem resposta do governo, camponeses colombianos mantêm greve

Embora estejam esgotados por mais de 40 dias de greve, em meio a repressão da polícia, Exército e membros do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), os camponeses reiteraram que não se moverão até que o governo cumpra e se chegue a um acordo.

Em declarações divulgadas no domingo (21) pela Agencia Prensa Rural, o líder agrário, César Jérez, destacou que a atitude do mandatário Juan Manuel Santos de condicionar os diálogos ao desbloqueio de vias lembra muito seu antecessor, Alvaro Uribe, justificando a força antes do entendimento.

"Os bloqueios seguirão até que o governo seja sensato e envie uma equipe coerente para dialogar", apontou Jérez que ratificou a necessidade de declarar emergência social na zona para evitar que a crise humanitária se agudize.

O governo continua fechado para o diálogo, sobretudo a uma dos principais reivindicações dos camponeses, a declaração de uma Zona de Reserva que impeça o avanço do latifúndio das multinacionais nessa região. Santos tem sido enfático ao afirmar que não permitirá mais bloqueios.

À espera de que se retomem os diálogos, os camponeses seguem resistindo às agressões da força pública, sobretudo no município de Tibú, no Norte de Santander, onde iniciaram os protestos em 11 de junho.

Neste domingo a Prensa Rural difundiu outro video onde se vê a membros do Esmad golpeando violentamente a um jovem que se encontrava em um setor do urbano de Tibú, que teve que ser hospitalizado.

A plataforma Coordenação Colômbia Europa Estados Unidos (CCEEU), que agrupa a 249 organizações defensoras dos direitos humanos, alertou no sábado último sobre a possibilidade de desalojar os manifestantes pela força.

Em um comunicado intitulado Ameaça de desalojar a sangue e força no Catatumbo, a rede declarou-se em máxima alerta ante um novo uso desproporcionado por parte do Exército e a polícia, que têm arremetido em numerosas ocasiões, com um saldo de quatro civis mortos e mais de 50 feridos.

"Exigimos ao governo não renunciar ao diálogo e estabelecer mecanismos úteis que resolvam as petições dos camponeses; à Promotoria e a Procuradoria iniciar investigações que individualizem a responsabilidade dos agentes do Estado que incorram em graves violações de direitos humanos se se realiza esta arbitrária evacuação ", afirma o texto.

Fonte: Prensa Latina