PCdoB-SP dá arrancada nos trabalhos preliminares do 13º Congresso

Em reunião da direção municipal ampliada, os militantes da capital paulista aprovaram as normas e metas de organização para o Congresso municipal do PCdoB e também ouviram a apresentação das teses, realizada pelo secretário nacional de comunicação, José Reinaldo Carvalho. O Congresso do PCdoB de São Paulo será realizado no dia 29 de setembro.

Reunião COmitê municipal SP

Os militantes querem aproveitar esse momento em que a sociedade brasileira está discutindo mais os problemas que afetam a vida do povo para construir um amplo e grande congresso na maior cidade do país.

“O Congresso não pode ser uma rotina, uma atividade protocolar, burocrática. Nós temos que aproveitar para apresentar as ideias do partido a atores e protagonistas da sociedade, convocar os militantes para debater essas ideias, e assim, formar coletivamente a política do PCdoB”, abriu a reunião, Jamil Murad, presidente municipal.

O caderno de teses tem dois eixos principais. O primeiro é o balanço dos últimos dez anos em que governou Lula e parte do mandato de Dilma. Cabe nesse primeiro eixo também o papel que o PCdoB jogou nessa conjuntura e qual a sua inserção construída nesses anos. O segundo eixo é um estudo aprofundado sobre a crise estrutural do capital, deflagrada em 2008, que persiste até hoje. “A crise só tem mudado de eixo; estava nos Estados Unidos, agora está na Europa, e nós não sabemos qual será o próximo centro. A certeza que temos é que quem paga a crise sempre são os trabalhadores, principalmente nos países em desenvolvimento”, disse o secretário nacional de comunicação, José Reinaldo.

Apresentação das teses

Ao analisar o primeiro eixo que versa sobre a conjuntura nacional, José Reinaldo afirmou que a criação do país foi dependente e desigual, “cuja saída só pode ser com mudanças profundas e estruturais”.

Assim como o segundo governo de Getúlio Vargas e o de João Goulart, para Reinaldo, “o governo Lula foi uma tentativa de abrir um novo caminho e diferente para o Brasil para saldar o déficit histórico deixado pela classe dominante que até então governou o país”.

Nesse processo de construção de um novo caminho, o presidente Lula e as forças que compuseram o seu governo se confrontaram com a herança maldita, com o entreguismo, característica marcante da direita brasileira. Para o dirigente, esse confronto em tentativa de construção de um caminho diferente é um momento de transição para um novo projeto nacional de desenvolvimento.

“Nós ainda estamos no meio do caminho. E o povo tem registrado essa insatisfação de diferentes maneiras, porque ainda estamos no meio do caminho, e em alguma medida em uma encruzilhada. Não reunimos forças suficientes de sair dessa encruzilhada e tomar as medidas mais corretas e mais profundas”, reafirmou José Reinaldo.

Mesmo estando nesse impasse quanto aos rumos que o país irá tomar, a avaliação dos comunistas não é pessimista, por isso, a perspectiva apontada por José Reinaldo é de continuidade do governo Dilma na perspectiva de realizar mudanças estruturais, e dentro do governo exercer a crítica, a pressão e a luta necessária para que as medidas corretas sejam tomadas. “Nós passamos duas décadas lutando por democracia e não é quando surge um governo democrático, que nós vamos renunciar a esta luta”, defendeu o dirigente.

Isso porque as características essenciais do governo que justificam a permanência e apoio dos comunistas são essenciais. Além de democrático, o governo é também nacional e patriótico e tem feito de tudo para salvaguardar a soberania nacional. “O governo do Lula e da Dilma surgem em quadro internacional de emergência das lutas nacionais e populares na América Latina e como um dos fatores preponderantes para que esse ciclo da América Latina se desenvolva”.

Segundo José Reinaldo, no plano interno, o governo é pró-desenvolvimentista, pelo menos com essa ideologia e orientação política, entretanto, não conseguiu sair completamente do neoliberalismo, devido à relação de forças ainda desfavorável.

Problemas

Mesmo com a análise positiva, dois paradoxos tem centralidade na discussão nacional. A primeira é que o país vive há dez anos sob orientação de um governo progressista no marco de um sistema geral reacionário. 

“As classes que governam o Brasil, são as mesmas que mandam no país há 150 anos. É claro que elas mudaram de feição, não é mais apenas aquela velha burguesia agrária, mas a burguesia monopolista financeira associada ao imperialismo. Ou a gente rompe com essa classe dominante, ou ela vai se impor”, continuou.

O outro paradoxo é a contradição interna da governabilidade versus impulso para as mudanças, pois quem garante a governabilidade, além dos partidos de esquerda e centro esquerda, são alguns partidos da classe dominante.

Perspectivas

Como perspectiva são apontadas duas linhas de acumulação de força. A primeira é persistir nas mudanças estruturais, já apontadas no Programa Socialista, como as reformas estruturais e democráticas. “Não é apenas uma plataforma de ideias gerais, mas é uma plataforma concreta, de luta, mobilização, organização e de promoção da unidade do movimento político e dos movimentos sociais”.

A segunda é a luta pela unidade das esquerdas que não significa que é o retorno da elaboração do Bloco de Esquerda, proposto no segundo mandato do governo Lula. “Não é apenas no âmbito político e parlamentar que as coisas se resolvem, então, o Partido está propondo, uma ampla frente de esquerda, onde os setores que tem afinidade de esquerda, poderão se reunir em fóruns e mobilizar essa expressão”.

Além dessa elaboração nova, os comunistas devem continuar persistindo na três linhas de acumulação de forças: institucional, de massas e da luta de ideias, que devem ser entendidas como um todo único, pois as três frentes são políticas e seu sentido é esvaziado quando não são articuladas, finalizou José Reinaldo.

Etapa municipal



A conferência municipal será realizada no dia 29 de setembro, sendo que as etapas distritais e plenárias de filiados e militantes têm o prazo de até o dia 22 do mesmo mês. Os militantes têm a meta de mobilizar oito mil filiados na base.

Todo militante pode contribuir com a elaboração de propostas adicionais, supressão ou desenvolvimentos das teses na Tribuna de Debates do fórum partidário, enviando artigos para [email protected].

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De São Paulo, Ana Flávia Marx