União Europeia inclui ala militar do Hezbolá em lista terrorista

A União Europeia concordou, nesta segunda-feira (22), em incluir o braço militar do partido libanês Hezbolá na sua lista de “organizações terroristas”, embora o presidente do Líbano, Michel Suleiman, tenha pedido ao bloco que não o fizesse. O partido forma parte de um governo nacional legítimo, de estabilidade sensível e envolto em crises políticas regionais e internas, e a classificação “precipitada e sem fundamentos”, politicamente motivada, é prejudicial à situação, afirmou Suleiman.

Hezbolá - Associated Press

Um diplomata europeu informou à agência de notícias Reuters que “um acordo foi alcançado para incluir o Hezbolá na lista”, e três outros diplomatas confirmaram a informação.

O secretário de Relações Exteriores britânico William Hague havia dito antes que “a grande maioria” dos 28 membros da UE apoiaram os planos e esperavam pela unanimidade necessária durante a reunião desta segunda entre os chanceleres dos Estados membros.


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O governo israelense saudou a decisão, uma vez que o Hezbolá dedica-se há anos à resistência armada contra as agressões de Israel contra o território do Líbano. A última guerra, configurada pela invasão israelense que chegou até a capital libanesa, Beirute, aconteceu em 2006, mas episódios recorrentes de invasão das fronteiras por terra e ar são denunciados pelo movimento de resistência islâmica do Hezbolá.

Ministras como Silvan Shalom, de Energia e Recursos Aquíferos, e Tzipi Livni, da Justiça, pronunciaram-se a respeito, classificando a decisão da UE como um “passo significativo que inibe fundamentalmente as operações de um grupo terrorista disfarçado de grupo político”, disse Silvan. Tzipi também afirmou que “finalmente, após anos de discussão e debate, o esforço por classificar o Hezbolá como um partido político legítimo fracassou”.

O chanceler alemão Guido Westerwelle disse que as evidências sobre um ataque, em 2012, a um resort na Bulgária (caso que serviu de base para a reunião desta segunda sobre a classificação do Hezbolá), que matou cinco turistas israelenses e um búlgaro, deveriam dar ímpeto suficiente para a medida.

Entretanto, outros analistas afirmaram que tais evidências sobre o envolvimento do Hezbolá no ataque não são concretas ou até mesmo não existem. Ainda assim, uma decisão do tribunal penal do Chipre, em março, também acusou um membro do Hezbolá de apoiar o desenvolvimento de um plano para atacar israelenses na ilha mediterrânica, de acordo com o jornal israelense Ha’aretz.

De acordo com a emissora libanesa Al-Manar, o Hezbolá negou veementemente qualquer envolvimento com o ataque, "mas os Estados Unidos e os lobbies sionistas insistem em culpar o partido de resistência, que liberou muito do território libanês ocupado em 2000 e derrotou a máquina de mortes sionista na guerra de 2006 que a 'entidade sionista' [Israel] lançou contra o Líbano".

A inclusão na lista inclui a suspensão de vistos, o congelamento de recursos financeiros e outras medidas. Entretanto, a implementação dessas medidas será complicada devido à interpretação das conexões entre as diferentes alas dentro da organização do partido e a análise de quais membros poderão ser alvo de sanções por participarem do braço militar listado como “organização terrorista”, de acordo com o Ha'aretz.

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho