Seis meses: corrida de economia e diálogo

O secretário da Casa Civil de Jundiaí, José Carlos Pires, apresentou um balanço das ações do governo municipal nos primeiros seis meses de gestão do prefeito Pedro Bigardi (PCdoB). Em entrevista ao Jornal de Jundiaí, publicada no domingo (21), Zeca – como é conhecido e chamado no Paço – disse que o diálogo é a marca deste início de administração.

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No oitavo andar do Paço Municipal, José Carlos Pires, 50 anos, confessa: "O melhor da sala é a vista", enquanto é fotografado olhando para a cidade.

Membro da executiva do PCdoB desde os anos 80, o político, nascido no interior da Bahia, recorda momentos históricos da política no Brasil e sua vinda para São Paulo, mas gosta mesmo é de ressaltar as ´economias´ feitas pela gestão do prefeito Pedro Bigardi (PCdoB) nestes primeiros seis meses, em horas extras e na extinção de 116 cargos de comissão.

Os seis meses, no entanto, ainda são um intervalo pequeno para fazer mudanças profundas nos serviços públicos do município como prevê o Programa de Metas, apresentado pela prefeitura e pelo qual se pauta o secretário. O caderno com o projeto fica sobre a sua mesa.

Casado, pai de um filho, o braço direito de Bigardi, hoje, no governo, é advogado e tem especialização em Direito Administrativo. Está na coordenação estadual do PCdoB desde a década de 1980 e conheceu Pedro quando ele se filiou ao partido, em 2007, Desde então, foi chefe de gabinete de Bigardi nos mandatos de deputado e coordenou sua campanha em 2012.
Trabalhou com o médico e sindicalista Jamil Murad, do PCdoB, além do ministro do Esportes Aldo Rebelo e a deputada estadual Leci Brandão. Em entrevista exclusiva ao JJ Regional, Zeca fala sobre expectativas para este semestre, recursos, obras e respostas aos protestos feitos em Jundiaí.

Jornal de Jundiaí: Com o Pedro Bigardi eleito, como fica a relação entre os deputados do PCdoB, que trabalharam com vocês, na Assembleia Legislativa? Há uma relação forte ainda que possa trazer benefícios para Jundiaí?
José Carlos Pires: Tanto o Pedro como eu somos membros da executiva estadual do partido e temos reuniões da executiva uma vez por mês. Isso ajuda. Discutimos projetos da cidade. Vamos tratar, agora, de emendas com deputados no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa, independente de partidos. Do PCdoB, temos emenda da Leci para cultura que sai neste ano e do Protógenes para área de segurança. Em agosto, devemos iniciar conversas.

Em relação ao diálogo entre partidos, como o senhor avalia, nos seis primeiros meses de governo, a aproximação da gestão Bigardi com o governo do estado (PSDB)?
Temos mantido relação muito boa. O governador já convidou o prefeito para vários eventos. Temos tido liberação de recurso na área de Meio Ambiente. As emendas apresentadas pelo prefeito, quando deputado estadual, estão sendo todas liberadas, inclusive, a de R$ 2 milhões para o Hospital São Vicente de Paulo (HSV). Temos também boa relação com a Secretaria de Habitação do Estado para resolver o déficit habitacional no município. Nós construímos 3.300 unidades pela parceria com o governo do estado e com o governo federal. Estamos tratando do trevo da avenida Jundiaí e Anhanguera. O prefeito já tratou com o governador e vamos pedir nova reunião sobre o assunto.

O que o senhor imagina, diante da extensão do Programa de Metas, que será priorizado neste segundo semestre. O que a população pode esperar da prefeitura em ações?
Vamos dar continuidade ao recapeamento e asfalto das ruas da cidade. No primeiro semestre, fizemos mais de 300 mil m² de asfalto, com destaque para as avenidas dos Imigrantes, Pedro Clarismundo Fornari e a que cruza o Santa Gertrudes. Estamos concluindo as defensas e o asfalto na avenida 14 de dezembro. Vamos fazer a Geraldo Dias.
Já está em processo de licitação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Novo Horizonte, para ser construída ainda neste ano. Já publicamos também o concurso para Guarda Municipal, dos 200 guardas previstos pelas metas, 50 serão chamados já neste ano. Vamos iniciar o processo de descentralização da GM e ampliar o número de vagas em creches. A meta é 2.100 vagas, 340 já concretizamos. E vamos intensificar o diálogo com a sociedade, através das conferências temáticas. Queremos ampliar a participação da sociedade na criação de políticas públicas.

O senhor acredita que o diálogo deve ser a marca do primeiro ano de governo Bigardi?
Teremos duas marcas. A do diálogo e a de um governo realizador. O objetivo é o governo de uma gestão eficiente e transparente. Nós extinguimos 116 cargos de comissão. Fizemos economia com horas extras. Já chamamos em concurso 379 funcionários estatutários de diversas áreas. Além disso, temos um diálogo muito forte com a Câmara Municipal, respeitando a autonomia do Legislativo em relação ao Executivo.
A Câmara teve um semestre com grande atuação e aprovação de projetos importantes, como a LDO e a lei do parcelamento que já possibilitou a arrecadação de R$ 8 milhões, pelo qual conseguimos o subsídio para manter a tarifa de ônibus em R$ 3.

Neste contexto de diálogo, foi sugerido, nesta semana, em sessão na Câmara, que a discussão do orçamento para 2014 inclua debates nos bairros. A prefeitura está aberta?
JPC – Primeiro, vamos discutir a elaboração do Plano Plurianual (PPA) com oito audiências públicas entre 1º e 14 de agosto na presença do prefeito.

Faremos uma audiência pública por eixo regional da cidade, procurando envolver o conjunto da sociedade. Até o início de agosto, vamos instalar também o Conselho Municipal da Cidade, com participação de 50 pessoas, da comunidade, entidades, sindicalistas, para que elas acompanhem o Programa de Metas.
O conselho deve se reunir, a cada dois meses, com o prefeito. No ponto de vista da gestão, vamos executar bem os gastos e dar transparência para a sociedade com novo sistema de informática. Por exemplo, a obra da UPA do Jardim Novo Horizonte, quando começar, poderá ser acompanhada por vídeo-monitoramento. Uma controladoria interna também foi instaurada para eficiência da gestão, uma espécie de auditoria do Tribunal de Contas que vai controlar a execução de todos os contratos vigentes.

Em relação às obras da cidade, como a prefeitura acompanha projetos que já estão em andamento e não são municipais, como o Hospital Regional, por exemplo, conduzido pelo estado?
Temos acompanhado. O prefeito já foi vistoriar a obra. O secretário de Saúde também e temos o maior interesse para acelerar a conclusão da obra, já que ela beneficia toda a Região.

O senhor se reúne sempre com outros os secretários. Como é esta relação entre Casa Civil e outras secretarias? Até que ponto os secretários têm autonomia? O senhor dá conselhos?
Nós temos, a cada 15 dias, uma reunião com os secretários. A Casa Civil tem relação direta com elas, já que o papel maior dela é auxiliar o prefeito na articulação política, seja com a Câmara, entidades, sociedade civil em geral e também com o governo do estado e federal. Por outro lado, a Casa Civil deve auxiliar o prefeito a cuidar da gestão. Dentro do Plano de Governo, do Programa de Metas e das diretrizes gerais da gestão, as secretarias têm autonomia. Há o programa de cada secretaria e acompanhamos o cumprimento deles.

Há um cuidado, em relação a esta autonomia, para que as atitudes dos secretários não prejudiquem a imagem da gestão de Bigardi? Ou seja, nestes primeiros seis meses, alguns órgãos passaram por mudanças, como a direção do Hospital São Vicente (HSV). Como a Casa Civil observa isso?
O governo montou o secretariado com muita qualidade. Temos muito diálogo e afinidade nos objetivos. O diálogo existe justamente para evitar qualquer problema. Todos nós, secretários, temos consciência de que o governo é do Pedro Bigardi e somos auxiliares do prefeito.

No ano que vem, teremos eleições. Sabemos, nos bastidores, de alguns nomes de secretários que podem se candidatar. Como a Casa Civil se prepara para isso? Já pensa em reestruturar o secretariado?
Vamos falar disso só adiante. Até agora, nenhum secretário colocou oficialmente para o prefeito ou para Casa Civil a intenção de candidatura. É o direito de cada um. Mas estão todos focados na gestão.

A Casa Civil tem trabalhos apenas internos ou vai para a rua?
Acho importante ir para rua também. Não tenho conseguido por questões de agenda. Já fui duas vezes com ele ao Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Neste semestre, pretendo acompanhá-lo mais. Recebi muitos secretários aqui e agora quero inverter. Quero ir até eles, pois muitas secretarias e órgãos não ficam aqui no Paço.

A série JJ nos Bairros tem mapeado demandas e perfis de várias regiões da cidade. A prefeitura usa estrategicamente essas informações para aperfeiçoar suas metas?
Tudo o que nos ajuda a dar transparência para a sociedade é importante. Portanto, o JJ nos Bairros é um ótimo instrumento para o poder público e para a sociedade, pois levanta os problemas de cada bairro. Depois, podemos divulgar o que o governo tem feito para melhorar. A Secretaria de Comunicação está levantando todas as edições, demandas e o que a administração já realizou. A partir das possibilidades orçamentárias, vamos executar as outras demandas ainda não resolvidas.

As manifestações no país trouxeram insatisfações gerais e um discurso, inicialmente, apartidário. O senhor acredita que, hoje, a oposição usa os protestos como estratégia para criticar o governo do PT? Como a oposição ao Bigardi foi feita nestes seis meses de governo, Como avaliam os protestos?
A oposição está articulando e este é o papel dela. Mas mesmo os vereadores da oposição aprovaram a maioria dos projetos do Executivo. Não temos problema de diálogo e estamos aqui para conversar com todo mundo em uma administração que queremos que seja a melhor da história de Jundiaí. Sobre os protestos, o governo Bigardi veio para trazer mudanças. Para isso, nos serviços públicos, precisamos fazer uma alteração, como no transporte, segurança pública, saúde, lazer, esporte. São mudanças que a sociedade espera. Essas manifestações vieram para sacudir e nós conversamos para atendê-las.


Por Raquel Loboda Biondi,
do Jornal de Jundiaí