Governo de SP desativa escola e submete alunos a más condições

Pais de alunos da Escola Estadual João da Silva, no Jardim Lucélia, na região do Grajaú, extremo sul da capital paulista, reivindicam que o governo de São Paulo construa uma nova escola no bairro, após o fechamento da unidade – por risco de desabamento –, em maio deste ano.

Segundo as famílias, as crianças estão em situação difícil nas escolas para as quais foram transferidas, Jardim Noronha V e Savério Fittipaldi, estudando em salas divididas e superlotadas, sofrendo com falta de água e banheiros, além de estarem distantes do bairro em que moram – ambas as escolas ficam no vizinho bairro Jardim Noronha.

Segundo a mãe de uma das crianças penalizadas os pais pediam que a escola agora fechada fosse reformada desde o ano passado. “O governo nada fez e neste ano teve de fechar a escola porque ia desabar. Mas nós queremos a escola do nosso bairro de volta, não podemos ficar assim”, disse. Ingrid contou que os pais não foram consultados sobre a transferência dos filhos. As crianças agora são transportadas em ônibus colocados pelo governo para o transporte.

A unidade desativada é remanescente das escolas de lata que permanecem funcionando na região. A João da Silva tinha 700 alunos do ensino fundamental ciclo I, entre 6 e 10 anos de idade, em dois turnos de funcionamento. Construída em um terreno inclinado, a unidade apresenta rachaduras nas paredes, vãos nas laterais das escadas, corrosão da estrutura metálica pela ferrugem e desníveis no piso. Os moradores afirmam que a escola foi construída em uma área de várzea e – sem manutenção – o prédio corre risco de desabar.

Edilson de Oliveira, pai de uma aluna do 5º ano, disse que as escolas do Jardim Noronha não estavam preparadas para receber os alunos da João Silva. “As crianças estão estudando em salas que foram divididas ao meio para caber todo mundo. Estão convivendo com alunos mais velhos e tendo de dividir banheiros entre meninos e meninas. Além disso, a falta de água para beber tem sido constante”, afirma. Outra perda, segundo os pais, foi o fechamento de salas pedagógicas, como laboratórios de informática e salas de leitura, para abrigar os novos alunos.

Maria de Fátima Cipriano, mãe de uma aluna da 4ª série, aponta a imediata necessidade de o bairro voltar a ter sua escola. "As outras escolas da região nem fazem mais cadastro em lista de espera de vagas porque estão todas lotadas. As crianças que estavam aqui foram transferidas, mas e as que iriam entrar no ano que vem, como vão ficar?", questiona. Outra preocupação é com o que pode vir a acontecer com a unidade desativada. "Já tem gente invadindo para usar drogas. Um espaço assim, sem uso, vira lugar para as piores coisas: assalto, estupro, morte."

Os pais fizeram um protesto em frente à Secretaria Estadual da Educação em 20 de junho para exigir a reconstrução da escola em outro terreno no bairro. Eles foram recebidos pelo secretário-adjunto da Educação, João Cardoso Palma Filho, que afirmam ter prometido dar uma resposta sobre a reconstrução da escola. Um mês depois, nada saiu do papel.

Os moradores sugeriram ao governo dois terrenos para a construção de uma escola. Um deles, de 22 mil metros quadrados, abrigava um clube que está abandonado há dez anos. "O governo diz que não é possível construir em nenhum deles”, contou a moradora e mãe identificada apenas como Ingrid.

O terreno do Clube do Aristocrata foi desapropriado em 2008, na gestão do prefeito Gilberto Kassab, com o objetivo de construir um parque linear. Foi feito o aterramento do local e grades foram instaladas em volta da área, mas o parque não foi construído. Agora as famílias reivindicam a posse da terra para construção de moradias e que a escola também seja construída ali.

A Secretaria Estadual da Educação não respondeu aos questionamentos da reportagem desde a última quinta-feira (25).

Fonte: Rede Brasil Atual