PCdoB recebe dirigente do PC da Federação Russa

No dia 31 de julho deste ano o membro do secretariado nacional do PC da Federação Russa, Leonid Kalachnikov, foi recebido na sede do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em São Paulo por uma delegação liderada por Renato Rabelo, presidente do Partido. Na ocasião houve uma profícua troca de informação sobre a situação política internacional e de ambos os países e partidos.

Ricardo "Alemão" e Renato Rabelo com Leonid Kalachnikov

Kalachnikov destacou logo de inicio que o PC da Federação Russa considera muito importante os contatos com os países do mundo em que a atividade progressista e comunista vem crescendo na atualidade, como é o caso do Brasil e do PCdoB.

O dirigente russo reconhece que os jovens de hoje ainda têm pouca informação sobre os clássicos marxistas e sobre os líderes históricos do movimento comunista, como Antonio Gramsci, Palmiro Togliatti, Álvaro Cunhal.

Kalachnikov nasceu na cidade de Togliatti, que se situa no sudoeste da Rússia, cidade batizada assim em homenagem ao líder comunista italiano Togliatti. Ele trabalhou na fábrica de automóveis Lada, onde se integrou ao Partido Comunista na época.

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, disse que foi uma grande alegria para o Partido recebê-lo em São Paulo por motivo da realização do Foro de São Paulo, uma das maiores e mais longevas articulações de esquerda no mundo de hoje.

Há 23 anos, reafirmou Renato, começou a trajetória do Foro, compreendendo uma série grande de tendências de esquerda da América Latina e Caribe.

Além destes partidos progressistas estão no Foro movimentos sociais diversos e líderes populares do continente, como o ex-presidente Lula da Silva do Brasil, os atuais presidentes da Venezuela, Nicolas Maduro e Evo Morales, da Bolívia.

Kalachnikov fez questão de se pronunciar a respeito da situação em seu país e também sobre a realidade internacional com a emergência do Brics – que ele considera uma organização internacional não institucionalizada, mas um bloco geopolítico importante no momento atual.

O dirigente do PC da Federação Russa analisa que os Estados Unidos vão paulatinamente perdendo sua posição hegemônica em relação a outros polos que se formam num mundo mais multipolar.

Kalachnikov disse também que as eleições que ocorreram recentemente na Federação Russa criaram um problema político sério para os EUA que apostavam em outros candidatos para a presidência que finalmente foi vencida por Vladímir Pútin.

Na verdade, segundo o dirigente russo, houve da parte dos EUA uma tentativa de intervir diretamente na política interna russa. Neste sentido – apesar de fazer oposição política a Pútin – o Partido Comunista da Federação Russa, como um partido patriótico, não poderia aceitar este tipo de intervenção estrangeira na Rússia.

Kalachnikov lembrou inclusive um episódio importante que ocorreu na Europa recentemente entre os EUA e a Federação Russa. Depois de alcançada a “paridade” nuclear entre estes dois países, o Governo de Barack Obama resolveu instalar na Europa bases de armas balísticas antimísseis e desta forma quebraram o equilíbrio anterior, sob o argumento falso que tinham de se defender das iniciativas nucleares da Coréia Popular e do Irã.

Isso fez com que a Federação Russa e a China reagissem prontamente, quando da visita de Xi Jinping a Moscou. Nesta ocasião foram acordados tratados de cooperação militar entre as duas potências asiáticas.

Em relação ao Brics o dirigente russo ainda sugeriu que quando da realização no início de 2014, no Brasil, da reunião de cúpula do Brics, se procurasse fazer uma exposição do significado desta articulação geopolítica para os outros países da região, vizinhos do Brasil.

Sobre a situação interna na Rússia, Kalachnikov disse que o PC da Federação Russa detém hoje cerca de 25% dos votos do eleitorado russo, apesar de várias indicações de fraude perpetradas pelo governo russo nas ultimas eleições.

O PC da Federação Russa também não está exigindo no momento o fim da propriedade privada no país, mas exigem a reversão de várias privatizações realizadas no período de Iéltsin.

Deste encontro bilateral participaram além do presidente Renato Rabelo, o secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Alemão Abreu e André Bezerra, membro do Comitê Central do PCdoB.

Pedro de Oliveira,
de São Paulo