Alcides: bancada "blinda" governo tucano de CPI do Propinoduto

Em pronunciamento na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), realizado nesta terça-feira (6), o deputado estadual Alcides Amazonas (PCdoB-SP) voltou a externar o seu descontentamento com a inércia do governo tucano em relação às denúncias de desvio de dinheiro público das obras do Metro e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). 

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo

Em participação na programação da Rádio Vermelho, o parlamentar destacou que o apoio da sociedade será central para instauração da CPI do Propinoduto Tucano. “Consideramos a denúncia muito grave. Elas envolvem, segundo dados do processo, mais de meio bilhão desviado com a formação desse cartel. De modo que a instalação da CPI é mais que necessária para esclarecer essas denúncias”, afirmou o deputado comunista.

Alcides Amazonas disse que a postura do governador tucano Geraldo Alckmin causa muito incômodo para aqueles que defendem a construção de um Estado transparente. “Causa desconforto o fato de que até agora a gestão tucana não tenha tomado nenhuma medida mais efetiva sobre esse escândalo. Tal postura era para ser diferente, visto que as denúncias envolvem três gestões do PSDB”.

Blindagem

Ele informou que o requerimento para a instauração da CPI do Propinoduto Tucano já coletou 26 assinaturas, entretanto são necessárias 32 assinaturas para que ela seja apreciada. O parlamentar externou que como o governo tucano está blindado porque possui a maioria na Assembleia.


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“A bancada está orientada a não assinar. Lamentavelmente, aqui na Assembleia de São Paulo só tem CPI água com açúcar. Ou seja, aquela CPI que atende os interesses do governo. Esperamos que embalados pelas manifestações de junho, a sociedade pressione os deputados e a CPI consiga o número de assinaturas para que inicie seu trabalho de investigação”, disse à Rádio Vermelho.

Transporte de qualidade

Quando questionado sobre a precariedade dos serviços de transporte sobre trilhos em São Paulo e se essa realidade é fruto de uma gestão duvidosa, Alcides diz que não há dúvida de que a receita tucana não deu certo.

“Os recentes problemas só relevam o que 20 anos de gestão tucana podem gerar para uma cidade como São Paulo. É chegada a hora de por fim a política do sucateamento, da privatização, da terceirização que o PSDB empreende e que só degrada um serviço essencial para o desenvolvimento da nossa capital. Essa CPI poderá dar uma grande contribuição para o real entendimento do setor e para a elaboração de uma política de transporte mais transparente e que atenda às necessidades dos paulistanos”, pontuou.

Entenda o caso

Há duas semanas, reportagem publicada na revista Isto É denunciou um cartel, formado pelas empresas Alstom, Bombardier, CAF, Siemens, TTrans e Mitsui, que mantinha um esquema de desvios de recursos públicos e pagamento de propina para políticos tucanos e membros do alto escalão dos governos do PSDB em São Paulo, em troca de favorecimentos nas licitações de obras do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

O esquema, segundo a denúncia, começou no governo Mário Covas e continuou nas gestões dos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, e negociou valores no total de R$ 1,9 bilhão, provocando um prejuízo de mais de R$ 577 milhões aos cofres públicos.

Ouça a íntegra da entrevista na Rádio Vermelho: