Contra PL 4330, trabalhadores protestam na porta da FIRJAN

Esta terça-feira, 6 de agosto, marcou mais uma vez a unidade nacional das Centrais Sindicais brasileiras e dos movimentos sociais em defesa dos direitos dos trabalhadores. No Rio, os trabalhadores unificados protagonizaram um importante ato em frente a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN).

Cerca de 1000 manifestantes se reuniram nesta tarde, a partir das 15h, em frente ao prédio da federação patronal do Rio de Janeiro, no centro da capital fluminense. Muitos cartazes e faixas com reivindicações e diversas bandeiras das centrais sindicais coloriram o ato, que tinha como foco central a luta contra a aprovação do Projeto de Lei 4330/2004, que favorece imensamente às terceirizações, precarizando profundamente o trabalho e enfraquecendo a organização dos trabalhadores. Todos os representantes das centrais falaram da importância da forte mobilização para a derrubada efetiva desse PL que trará enormes prejuízos aos trabalhadores brasileiros. Esse projeto deverá ser votado pela Câmara no próximo dia 12 ou 13, em Brasília. Quando também haverá manifestação das centrais na capital federal.

O ato contou com um carro de som onde as lideranças tiveram a palavra, levantando também outras importantes reivindicações da classe trabalhadora: como a redução da jornada de trabalho para 40h semanais sem redução salarial; o financiamento público de campanha; o fim do fator previdenciário; 10% do PIB para a educação; transporte público de qualidade; a democratização da mídia; entre outras.

O presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Ronaldo Leite, falou da importância das mobilizações trabalhistas contra o PL 4330: "A mobilização nacional construída pelas centrais sindicais tem como principal objetivo a derrubada do Projeto de Lei 4330, que ampliará drasticamente as terceirizações e, na prática, acabará com os concursos públicos. A CTB e as centrais apostam na mobilização das ruas para fazer com que esse projeto seja efetivamente derrubado. Só a mobilização pode avançar, pois o nosso Congresso Federal está quase que totalmente nas mãos dos interesses dos empresários. Por isso estamos nas ruas em defesa das reivindicações dos trabalhadores. As centrais estão conscientes da importância da unidade, o que culminará em mais um grande ato unitário no dia 30 de agosto. Com mobilização nas ruas derrubaremos esse projeto. Só assim vamos fazer com que o Congresso perceba que os trabalhadores não abrirão mão de seus direitos; por isso as centrais apostam tanto na unidade e nas ruas", salientou o líder sindical.

No carro de som, Leite ainda falou sobre como o financiamento privado de campanha prejudica a composição do Congresso Federal, com muitos parlamentares reféns dos interesses do empresariado, que realmente arca com suas campanhas: "Esse Congresso está pautado no financiamento privado de campanha, muitos deputados estão comprometidos com o poder econômico. Para fazermos com que esse Congresso atenda aos interesses dos trabalhadores, precisamos lutar pelo financiamento público de campanha", finalizou Ronaldo.

O representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), salientou a importância da unidade: "As centrais estão nacionalmente reunidas, pois só dessa maneira, com essa forte unidade conseguiremos barrar esse projeto de lei tão nocivo aos trabalhadores".

Marcelo Durão, que estava representando o Movimento Sem Terra (MST), também falou no ato e frisou a importância da luta contra o PL 4330: "É histórico o papel que os trabalhadores estão desempenhando na defesa de seus direitos. Agora, mais uma vez, se coloca uma possibilidade de grande perda aos trabalhadores, se esse projeto for aprovado, o prejuízo para a classe trabalhadora será imenso, e por isso estamos aqui hoje. Mais de 50 milhões de trabalhadores serão precarizados com esse PL, em prol do lucro ainda maior dos patrões".

O movimento estudantil também estava presente nesta luta de hoje. A presidenta da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ), Tayná Paolino, estava presente e declarou total apoio dos estudantes para a derrubada do projeto de lei das terceirizações: "Esse PL vai de encontro aos anseios demonstrados nas ruas. Os estudantes e trabalhadores querem mais; querem avançar, não retroceder. A UEE-RJ está fortalecendo essa importante luta contra a precarização do trabalho em nosso país", finalizou a líder estudantil.

A diretora do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro (SindMetal-RJ), Raimunda Leone, também falou, saudando as mulheres, salientando os grandes prejuízos impostos com esse PL e com as terceirizações, e conclamando os trabalhadores e trabalhadoras à luta: "As mulheres são as mais prejudicadas com a terceirização; as mulheres que são a maioria nas empresas terceirizadas. A terceirização discrimina, o trabalho terceirizado prejudica seriamente os trabalhadores e trabalhadoras, provoca inclusive o aumento dos acidentes de trabalho. A luta do nosso povo é por mais direitos, sempre que nosso povo foi às ruas, nós conseguimos avançar nos nossos direitos. Vamos à luta, com a unidade das centrais sindicais, com a unidade dos trabalhadores, vamos barrar esse projeto de lei terrível para a classe trabalhadora".

Durante o ato, o diretor de comunicação da CTB-RJ, Paulo da Rocinha, lembrou do trabalhador Amarildo, desaparecido na Rocinha após ter sido levado por policiais militares à base da UPP na comunidade. Paulo propôs um minuto de silêncio em homenagem e solidariedade ao Amarildo e seus familiares; os trabalhadores no ato apoiaram e homenagearam o pedreiro.

Um documento assinado pelas 7 centrais sindicais contra o PL 4330/2004, apontando os inúmeros prejuízos que a classe trabalhadora terá com a aprovação desse projeto, foi entregue pelas lideranças do movimento à direção da FIRJAN.

Os líderes das centrais sindicais encaminharam a construção de um grande dia de luta e paralisações por todo país no dia 30 de agosto. Na próxima segunda-feira (12), acontecerá uma reunião das centrais sindicais do Rio de Janeiro para avaliar o ato de hoje e avaliar a construção da nova manifestação do dia 30.

As centrais sindicais que construíram o ato desta terça na porta da FIRJAN foram: CTB, CUT, UGT, Força Sindical, Nova Central, CGTB, CSP Conlutas.