Oposição critica suspensão da Assembleia Constituinte da Tunísia

Milhares de pessoas atenderam à convocatória da oposição secular e saíram novamente à rua, na noite desta terça-feira (6), para exigir a demissão do Governo da Tunísia, dirigido pelo partido islamita Ennahda, e a dissolução da assembleia constituinte. Os manifestantes estão concentrados em frente do edifício do Parlamento, onde à tarde o presidente da Assembleia Nacional Constituinte anunciou a suspensão de toda a sua atividade “até ao início do diálogo entre o poder e a oposição”.

Protestos em Túnis - AFP/Fethi Belaid

“Como presidente da Assembleia, assumo a responsabilidade pela suspensão dos trabalhos [de redação de uma nova Constituição] e apelo à participação no diálogo, em nome da Tunísia”, declarou Mustapha Ben Jafaar, um aliado laico do Governo.

A oposição tem organizado protestos diários contra o Governo desde o passado dia 25 de julho, quando um dos deputados da oposição, Mohamed Brahmi, foi assassinado. Foi o segundo membro da liderança da oposição a ser morto em um curto período.

A marcha de protesto desta noite pretendia ainda assinalar os seis meses da morte de Chokri Belaïd, um ativista dos direitos humanos e presidente do esquerdista Movimento dos Patriotas Democratas, abatido a tiro à porta de casa.

A sua viúva, Besma Khalfaoui, responsabilizou o Governo e os islamitas pela “destruição do país”, e disse que só a força da rua permitiria uma mudança de rumo. “O Governo vai ser obrigado a ouvir-nos”, disse à radio Express-fm.

“Nos regimes democráticos, as manifestações não mudam os governos. É só nas ditaduras que se convocam manifestações com o objetivo de fazer cair o regime”, reagiu o líder do Ennahda, Rached Ghannouchi, no jornal La Presse.

O primeiro-ministro, Ali Larayedh, apelou à rápida conclusão dos trabalhos na Assembleia Constituinte, para que o país possa avançar para eleições legislativas em dezembro.

Dois anos depois da revolução tunisina, e 21 meses após a eleição da Assembleia Constituinte, as forças políticas do país não conseguirão entender-se para completar a nova Constituição ou acertar a lei eleitoral. Os trabalhos da Constituinte deveriam ter terminado há oito meses.

Com informações do Público