Espanha reafirmará soberania sobre Gibraltar contra Reino Unido

A Espanha pode levar a disputa com o Reino Unidos por causa do território de Gibraltar às Nações Unidas, de acordo com informações do jornal espanhol El País, deste domingo (11), que cita fontes diplomáticas. Séculos de embates por causa de Gibraltar, um território atualmente sob o controle britânico, cuja soberania é reclamada pela Espanha, voltaram a ser reavivados neste mês, quando as autoridades de Madri denunciaram a construção de uma barreira artificial marítima.

Fronteira Espanha Gibraltar - Reuters

Os espanhóis consideram que esta barreira se destina a bloquear a passagem e a pesca dos seus barcos. Gibraltar argumenta que os blocos de cimento que já foram lançados ao mar, entre o aeroporto do minúsculo território e a fronteira com o território da Espanha, servem propósitos de proteção ambiental.

As fontes citadas pelo jornal espanhol não esclarecem se Madri vai pedir à ONU apoio para exigir que Londres abdique da soberania do território ou que apenas se comprometa com uma série de acordos bilaterais, mas levar esta questão para as instâncias internacionais marca uma mudança de estratégia por parte da Espanha.

O ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Garcia-Margallo, também vai aproveitar uma viagem oficial à Argentina, que está ocupando um assento rotativo no Conselho de Segurança da ONU, para procurar apoios contra o Reino Unido na questão de Gibraltar, disseram as mesmas fontes a El País. Recorde-se que a Argentina tem a sua própria disputa com os britânicos por causa das Ilhas Malvinas, ocupadas pelo Reino Unido desde o século 19.

Para além do Conselho de Segurança, a Espanha também pode levar a questão à Assembleia Geral das Nações Unidas, ou ao Tribunal Internacional de Justiça.

A resposta imediata de Madri à “provocação” da barreira de cimento que está impedindo a pesca a muitos barcos espanhóis foi reforçar os controles fronteiriços com Gibraltar, o que provocou filas intermináveis de carros que, por vezes, levaram sete horas a passar de um território para o outro.

Margallo também anunciou uma bateria de medidas para “mostrar que as políticas contrárias à Espanha têm um preço”, incluindo introduzir uma taxa de 50 euros (cerca de 150 reais) para viaturas que passem a fronteira, ou mudar a lei sobre as empresas de jogo online que operam no território. Junto com o sistema bancário offshore e o turismo, esta é uma das principais fontes de rendimento do território de 30 mil habitantes.

A Espanha contesta a soberania do Reino Unido sobre Gibraltar, ainda que em 2002, 98% dos cidadãos daquele território, majoritariamente descendentes de britânicos, afirmaram através de um referendo que queriam manter-se assim, como no caso das Malvinas argentinas, também território mantido sob a colonização britânica e que teve seu próprio referendo, gerido pela administração do Reino Unido.

As autoridades espanholas não consideram legítimo o referendo, e denunciaram, na semana passada, a "visita" de navios de guerra brtiânicos às águas do território disputado, enquanto os governos britânicos e espanhol negociam medidas de redução da disputa.

“Gibraltar é uma base estratégica para a defesa do Reino Unido. Os navios da Marinha Real visitam as suas águas ao longo do ano como parte de uma série regular de deslocações de rotina”, disse um porta-voz do Ministério da Defesa de Londres citado pelo jornal The Daily Telegraph.

Com informações do Público,
Da redação do Vermelho