Guatemala: indígenas protestaram contra mineração e militarização

Milhares de indígenas (na Guatemala) tomaram, no dia 9 de agosto, cerca de dez estradas da nação para chamar a atenção sobre o que está acontecendo com suas comunidades, que sofrem com a exploração mineira, a militarização e a criminalização das lutas populares por pretender reivindicar seus direitos.

Grupo bloqueou estrada que liga país ao Equador para exigir que o governo pare com a exploração mineira e os desalojamentos e respeite os povos ancestrais/ foto: Prensa Libre

Milhares de indígenas (na Guatemala) tomaram, no dia 9 de agosto, umas dez estradas da nação para chamar a atenção sobre o que está acontecendo com suas comunidades, que sofrem a exploração mineira, a militarização e a criminalização das lutas populares por pretender reivindicar seus direitos.

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O protesto procurou denunciar tais males que atingem o curso lógico da vida de suas comunidades, com uma desmedida exploração de seus recursos naturais e um excessivo e discriminatório controle dos representantes dos povos originários.

A Coordenação e Convergência Nacional Maia Waqib’Kej, que agrupa mais de uma dezena de organizações indígenas, em sintonia com o protesto, lançou uma declaração rejeitando “o modelo imposto, que coloca em risco a vida das maiorias e a mãe natureza”, quando se deve continuar a luta pela defesa de seus territórios diante dos megaprojetos, da mineração, das hidrelétricas e o monopólios de terras, entre outras causas, que trazem maior pobreza à população e coloca em risco a vida da maioria e do meio ambiente. Razão pela qual ratificam a defesa de suas comunidades em todo o país diante desses flagelos, segundo o documento publicado.

O líder do Comitê de Unidade Campesina (CUC), Daniel Pascual, comentou para imprensa que os protestos, que tomaram conta de umas dez estradas ou mais, tinham o propósito de chamar a atenção do que está acontecendo no país, em sintonia com a comemoração, em nível global, do Dia Internacional dos Povos Indígenas instituído pela ONU, a partir do ano de 1994, para viabilizar a luta destes contra os grandes problemas que os afetam.

No entanto, o presidente do país, Otto Pérez Molina, qualificou a ação como de pequenos grupos que não contam com o apoio popular, retirando a sua importância e afirmando que o direito deles se manifestarem sempre seria respeitado, desde que não bloqueassem as estradas, o que acarretaria medidas por parte das autoridades. Contudo, não se aprofundou na raiz dos problemas denunciados, que mantém submergido na pobreza, e na pobreza extrema, 75% dos indígenas, que representam 42% do total de uma população de 14,5 milhões de habitantes, e que são aqueles que mais sofrem a ausência de serviços elementares para a subsistência, como população mais vulnerável.

De sua parte, o guatemalteco Alvaro Pop, vice-presidente do Fórum Permanente para as Questões Indígenas das Nações Unidas, divulgou para imprensa que um recente estudo, que teve como base cerca de 100 comunidades indígenas, revelou a grande miséria em que ainda vivem, sob os flagelos da segregação, exclusão e da exploração a qual são submetidos, ao passo que o Estado não assume, com responsabilidade, as obrigações provenientes da assinatura da Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas que, há seis anos, era assumida com a ONU, com o objetivo de preservar a vida dos povos originários que no país são representados pelos descendentes dos maias, agrupados em 23 etnias, de acordo com o que estabelece o último censo oficial realizado nesta nação centro-americana.

Fonte: Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação
Tradução: Cepat