Jordânia construirá "canal da paz" entre Mar Morto e Mar Vermelho

O primeiro-minstro da Jordânia, Abdullah al-Nusour, anunciou nesta segunda-feira (19) que o seu país decidiu prosseguir com a primeira fase de construção do canal que ligará o Mar Morto (de que as águas devem secar completamente até 2050) com o Mar Vermelho. A Jordânia é listada entre os países mais pobres em recursos aquíferos.

Canal da Paz na Jordânia - Memo

“O projeto vai dessalinizar mais de 100 metros cúbicos de água salgada do Mar Vermelho e do Golfo de Aqaba, para torna-la água potável, e custará cerca de 980 milhões de dólares (2,35 bilhões de reais)”, disse Al-Nusour em uma coletiva de imprensa.

O premiê explicou que “a água será extraída do Golfo de Aqaba, ao norte de Wadi Araba, até que alcance as colinas de Resiha. Lá, a água será dessalinizada e dividida em duas partes: água potável e água salgada. Esta será enviada ao Mar Morto, e a água potável irá para o sul de Aqaba”.

“O Reino precisa de água potável nas quatro províncias do norte: Irbid, Mefraq, Jerash and Ajloun. Estas áreas terão o maior suprimento de água”, ressaltou al-Nusour. “Estamos considerando retirar um pouco de água do Mar da Galileia em troca de fornecer a Israel água dessalinizada do Golfo de Aqaba, principalmente porque enviar esta água até o norte nos custaria bilhões”, disse.

“Venderemos a Israel a água do sul e compraremos deles no norte, porque eles precisam de água no sul e nós precisamos de água no norte”, explicou.

De acordo com Hazem Nasser, o ministro jordaniano de Águas e Irrigação, a Jordânia “não tem qualquer alternativa a este projeto. Ele precisa ser implementado para o benefício da estratégia nacional superior”.

Nasser disse que “o projeto proverá à Jordânia mais de 100 metros cúbicos de água dispersada entre o norte e o sul. Reavivará iniciativas para o salvar o Mar Morto da depleção e degradação, e preservará o ambiente e os investimentos ambientais”.

“O projeto também beneficiará o lado palestino, porque eles receberão mais água em qualquer região que escolherem”, agregou o ministro.

“Não precisamos assinar um acordo com Israel, porque o Mar Morto e o Mar Vermelho já foram discutidos em um acordo de paz entre a Jordânia e Israel, assinado em 1994. Certos pontos no acordo indicam que Israel é obrigado a fornecer à Jordânia ao menos 50 metros cúbicos de água em qualquer região que a Jordânia escolha”.

Representantes da Jordânia, de Israel e da Autoridade Palestina anunciaram, em dezembro de 2006, que estavam realizando um estudo sério para construir um canal que ligaria o Mar Vermelho ao Mar Morto. O estudo, que foi conduzido pelo Banco Mundial e pelas três partes, estimou que o projeto custaria cerca de 11 bilhões de dólares.
A iniciativa de construir o canal ligando os dois mares foi discutida há muitos anos. Entretanto, o projeto não progrediu por causa do impasse no processo de paz israelense-palestino.

Hoje, o projeto não pode mais ser ignorado, devido às condições ambientais exacerbadas do Mar Morto, enquanto o nível da água continua a diminuir, em uma taxa de um metro por ano.

Com uma população de aproximadamente sete milhões de pessoas, a Jordânia é listada como um dos 10 países onde faltam recursos aquíferos, e depende da incidência de chuvas para suprir as suas necessidades.

A Jordânia em que 92% do seu território é constituído por deserto. Será preciso mais de 1,6 bilhões de metros cúbicos de água por ano para suprir as suas necessidades, em 2015.

O objetivo do “Canal da Paz”, como tem sido chamado o projeto, é salvar o Mar Morto, considerado o lago com maior nível de salinidade no mundo, assim como o ponto geográfico mais baixo da Terra. O projeto também busca dessalinizar a água e torná-la potável.

Fonte: Middle East Monitor
Tradução: Moara Crivelente, da redação do Vermelho