Palestinos debatem internamente sobre negociações com Israel

O Comitê Político da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderado pelo presidente Mahmoud Abbas, reúne-se nesta quinta-feira (15), em Ramallah, Cisjordânia. O objetivo da reunião foi discutir o progresso nas negociações com Israel, reiniciadas em julho, segundo o porta-voz da presidência, Nabil Abu Rudeineh. Abbas encontrou-se também com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon. Nesta quarta (14), foram liberados 26 prisioneiros palestinos, o que deu otimismo ao governo.

Mahmoud Abbas - AFP

Rudeineh disse que o comitê sublinhou os perigos das construções de mais colônias judias em territórios palestinos e os efeitos que podem ter no processo de paz.

Por isso, a reunião focou também na condenação de recentes decisões israelenses, como a relacionada à ausência da propriedade e a anunciada pelo Ministério de Habitação e Construção israelense, de construção de mais 1.200 casas nas colônias.

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O presidente Abbas felicitou os prisioneiros libertos das cárceres israelenses, e desejou uma libertação rápida ao resto dos prisioneiros.

Abu Rudeineh informou também que alguns dos membros do Comitê Político manifestaram a sua oposição ao princípio geral da retomada das negociações.

Recentemente, partidos de esquerda integrantes da OLP (como a Frente Democrática e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, assim como o Partido Popular Palestino) saíram às ruas em protesto contra as negociações, assim como partidos islâmicos mais proeminentes na Faixa de Gaza, como o Hamas e a Jihad Islâmica.

Ambos ainda não são parte da OLP, embora a sua integração seja um objetivo afirmado e buscado através de negociações frequentes, por exemplo, entre o partido Fatah, proeminente na OLP, e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

Algumas das posições contrárias do Hamas, por exemplo, com relação às negociações, têm a ver com a libertação dos prisioneiros, a definição das fronteiras do Estado da Palestina, o congelamento das construções nas colônias israelenses e o fim do bloqueio a Gaza, por exemplo, assuntos a que Israel não se compromete suficientemente.

"Todos os prisioneiros serão libertados"

Por outro lado, a libertação de 26 prisioneiros palestinos por Israel, majoritariamente provenientes da prisão militar israelense de Ofer, deu algum vigor ao governo palestino nas negociações, embora a ação tenha sido contraposta com o anúncio da expansão de algumas colônias israelenses.
O presidente Abbas disse que continuará trabalhando para libertar todos os prisioneiros, dentre os quais estão os detidos há quase 30 anos, e que já deveriam ter sido liberados, segundo os Acordos de Oslo de 1993.

Entre os 26 liberados estão 15 palestinos que foram transferidos diretamente para a Faixa de Gaza, recebidos com celebração na passagem de Erez, de Israel para o território palestino.

“Estamos felizes hoje, e não há dúvidas sobre esta libertação ter sido uma vitória para nós, e sentimos o apoio do povo palestino para os prisioneiros, mas não podemos esquecer que ainda há milhares nas prisões, e eles precisam ser liberados”, disse Khaled Asakra, de Belém (Cisjordânia), que serviu 23 anos de uma pena de prisão perpétua.

Ativistas de defesa dos prisioneiros palestinos agora questionam quando será o próximo estágio de libertação, que será feito em grupos distintos, “de acordo com o progresso das negociações”, segundo as autoridades israelenses. Ainda há dúvida sobre o entendimento entre as partes sobre a libertação do resto dos 104 prisioneiros “securitários” veteranos.

Um membro da Autoridade Palestina disse que o presidente Abbas está determinado e confiante de que todos os prisioneiros palestinos serão libertados até o final do período de nove meses predeterminado para o desenvolver das negociações, que já tem uma terceira rodada prevista para os próximos dias.

Ainda nesta quinta, Abbas encontrou-se com o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, que realiza a sua primeira visita à Palestina após o reconhecimento como um Estado observador não membro da ONU na sua Assembleia Geral, em 2012.

Durante uma coletiva de imprensa, Abbas disse, após a reunião com Ban, que havia prometido, em 2012, voltar à mesa de negociações e alcançar a paz com Israel, "porque a diplomacia é a melhor forma de alcançar a paz".

Atualizada às 14h45

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho