Entrevista – Toni C: O mano da Nação Hip-Hop
Artista multimídia, autor do romance "O Hip-Hop Está Morto!" e do documentário “É Tudo Nosso!”, organizador do Hip-Hop a Lápis. Membro da Nação Hip-Hop Brasil e editor audiovisual da TV Vermelho, Toni C é um dos expoentes que vem narrando a história de diversidade e complexidade do Movimento Hip-Hop Brasil. Leia a seguir a íntegra da entrevista concedida a Alexandre Lucas e publicada no Blog das Entrevistas:
Publicado 22/08/2013 11:00 | Editado 04/03/2020 16:27
Quem é Toni C?
É um cara, como qualquer outra pessoa, que é e faz muitas coisas. Pra facilitar pode ser classificado como multimédia, artista e ativista. Autor de alguns livros sobre Hip-Hop, o mais atual é a biografia de Sabotage, ou seja, sou mais um louco sonhador.
Como ocorreram os seus primeiros contatos com arte?
Desde o nascimento, seguramente. Porém dessa época não tenho muitas lembranças.
Como surgiu o Hip-Hop na sua vida?
Na infância me lembro de ver o break nos programas Raul Gil, Barros de Alencar também e na São Bento, bem pequeno passeando com meus pais via aqueles malucos… Ouvia os balanços, que era como a gente chamava o Rap naquele tempo, na escola, com meus primos mais velhos e do som da escola de samba do bairro, a Mocidade Alegre.
Fale da sua trajetória.
Estou ainda trilhando essa trajetória, feito à custa de muita sola de tênis, pedaladas de bike, passando por quebradas, escolas públicas, quadras de basquete, movimento estudantil e sem dúvidas o Hip-Hop.
Como você avalia o Movimento Hip-hop na atualidade?
Rapaz, é complexo essa questão. Tanto que escrevi um livro a respeito, chamado "O Hip-Hop está Morto!" está cultura está passando por uma transição, uma transformação grande com componentes que vão desde o mercado fonográfico até questões geracionais, passando pela discussão de gênero e o regionalismo. Enfim, quer saber mais, leia o livro.
Você foi um dos responsáveis pela criação da Nação Hip Hop Brasil. O que é mesmo essa Nação?
Fui não, sou responsável, tenho orgulho em pertencer a esta organização desde sua fundação. A Nação Hip-Hop é uma rede formada por gente do Hip-Hop de todo o país que percebe dificuldades parecidas em produzir e difundir nossa cultura, ou seja, em Fortaleza ou aqui em São Paulo, e uma vez identificado problemas comuns, podemos encontrar soluções semelhantes. Hoje nossa organização é considerada a maior entidade de Hip-Hop da América Latina.
A Nação Hip-Hop vive um processo de reconstrução?
Reconstrução permanente, de si própria, do movimento Hip-Hop e da sociedade. Quer somar nesta construção? Acesse o site da entidade (www.nacaohiphopbrasil.com.br) e venha fazer parte você também.
Você vem narrando nos últimos anos parte da história do Hip-Hop. Qual a importância desse trabalho?
A história oficial do Brasil não tem a participação dos negros, não tem participação dos verdadeiros brasileiros, que os "descobridores" chamaram de índios, afinal estavam descobrindo a Índia. Pois bem, parafraseando meu parceiro Hot Black na música É Tudo Nosso:
"Onde está escrito que estou sujeito
a ser nota de rodapé
dos livros de história
sem glória"
Sairmos da nota de rodapé para as capas do livro, hoje somos os escritores, os personagens, as fontes, os pesquisadores… A história é sempre contada pelo ponto de vista dos vencedores. Taí duas coisas que precisamos fazer: vencer e escrever a nossa própria história.
Como você caracteriza o seu trabalho?
Luta. Luta política, luta ideológica e a batalha de ideias é a mãe de toas as batalhas.
Quais os seus próximos trabalhos?
Hoje meu trabalho é mostrar a todos meu novo filho recém nascido: A biografia de Sabotage: Um Bom Lugar. (www.literaRUA.com.br)
Mais sobre Toni C
Toni C. é autor do romance "O Hip-Hop Está Morto!" – A História do Hip-Hop no Brasil, organizador dos livros #PoucasPalavras de Renan_Inquérito, Um Sonho de Periferia, Hip-Hop a Lápis e Literatura do Oprimido e colaborador da revista Rap Nacional.
Social
Secretário de cultura da Nação Hip-Hop Brasil e da ORPAS – Obras Recreativas Profissionais, Artísticas e Sociais.
Audiovisual
Diretor do documentário É Tudo Nosso! O Hip-Hop Fazendo História. Editor da TV Vermelho e pesquisador do programa Estação Periferia – TV Brasil.
Prêmios
Ganhador do prêmio Cooperifa, recebeu Menção Honrosa pela Câmara de Marília. É reconhecido como uma das pessoas mais influentes da cultura brasileira, através dos prêmios Tuxáua e Escola Viva, pelo Ministério da Cultura. Foi congratulado pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul com a Medalha Comemorativa da 53ª Legislatura do Estado.
Bibliografia Completa
Antologias
Hip-Hop a Lápis – O livro (2005)
Hip-Hop a Lápis 2 – Literatura do Oprimido (2010)
Um Sonho de Periferia (2011)
Romance
"O Hip-Hop Está Morto!" – A História do Hip-Hop no Brasil (2012)
Biografia
Um Bom Lugar – Biografia Oficial de Mauro Mateus dos Santos – Sabotage (2013)
Prefácio e comentários
Colecionador de Pedras – Sérgio Vaz (2006)
Trajetória de Um Guerreiro – DJ Raffa (2008)
Rap Dez – O Primeiro rapper dos Quadrinhos -Marcio Baraldi (2011)
Do Conto à Poesia – Alessandro Buzo (2011)
#PoucasPalavras – @RENAN_INQUERITO (2011)
Fonte: Blog das Entrevistas